Ontem eu o vi.
Vi de longe. Estava sentado de costas para mim, tocando piano.
Fechei os olhos e pude sentir seu cheiro de almíscar. E por esse propósito sedutor fui me deixando envolver...
Não sei precisar em que momento do meu devaneio sua mão forte e pequena tocou-me o braço direito. Meu ventre gelou. Abri os olhos no ímpeto. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça. Meu mundo girou: vi gafanhotos, vacas e a grande metrópole. Vi nós dois no altar e pensei em qual poderia ser a minha resposta naquele momento. Tudo isso enquanto eu virava o pescoço para responder-lhe ao toque.
Aquele sorriso!....Aqueles dentes retinhos no molde pontiagudo do queixo, as covinhas eram como um lugar para mim em seu rosto. Seus olhos bem castanhos, firmes e resolvidos, olhavam dentro dos meus com certo anseio. A pinta do lado direito do seu rosto paquerava seu par, do lado direito do meu.
Fiz-lhe cara de indiferente como quem quer perguntar “o que foi?”. Ao que ele, resolutamente, me contestou com um silêncio. Ficou ali parado, olhando.
Mas que raios é o silêncio - essa mudez que perturba tanto?
Interrompeu meus sonhos, invadiu meu momento particular, atropelou meus anseios, derrubou meus dominós, implodiu meu castelo. Ele foi resolvido para me dizer nada. E disse tudo.
Passado meu segundo de inquietação, ele levemente tirou sua mão do meu braço e, ainda com aquele sorriso na cara, foi embora.
Vi de longe. Estava sentado de costas para mim, tocando piano.
Fechei os olhos e pude sentir seu cheiro de almíscar. E por esse propósito sedutor fui me deixando envolver...
Não sei precisar em que momento do meu devaneio sua mão forte e pequena tocou-me o braço direito. Meu ventre gelou. Abri os olhos no ímpeto. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça. Meu mundo girou: vi gafanhotos, vacas e a grande metrópole. Vi nós dois no altar e pensei em qual poderia ser a minha resposta naquele momento. Tudo isso enquanto eu virava o pescoço para responder-lhe ao toque.
Aquele sorriso!....Aqueles dentes retinhos no molde pontiagudo do queixo, as covinhas eram como um lugar para mim em seu rosto. Seus olhos bem castanhos, firmes e resolvidos, olhavam dentro dos meus com certo anseio. A pinta do lado direito do seu rosto paquerava seu par, do lado direito do meu.
Fiz-lhe cara de indiferente como quem quer perguntar “o que foi?”. Ao que ele, resolutamente, me contestou com um silêncio. Ficou ali parado, olhando.
Mas que raios é o silêncio - essa mudez que perturba tanto?
Interrompeu meus sonhos, invadiu meu momento particular, atropelou meus anseios, derrubou meus dominós, implodiu meu castelo. Ele foi resolvido para me dizer nada. E disse tudo.
Passado meu segundo de inquietação, ele levemente tirou sua mão do meu braço e, ainda com aquele sorriso na cara, foi embora.
“(...) a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou.” (Rainer Maria Rilke)
5 comentários:
Uau! Que inspiração é essa?
O silêncio e olhar, muitas vezes, valem mais do que mil palavras.
Beijos!
OK, OBRIGADO PELA VISITA, VOLTE QDO PUDER, DEI UMA VISTA DE OLHOS RAPIDO EM SEU BLOG, MAS NAO PAREI AINDA PARA LER, TA COM O VISUAL LEGAL...
PODE COLOCAR MEU LINK NO SEU SIM, MAS O MEU AINDA É UM BEBE...
FELICIDADES
E ATE MAIS....
AH, ESQUECI DE COMENTAR SOBRE O SEU COMENTARIO DO PEQUI...
SE AINDA NÃO EXPERIMENTOU VALE A PENA CONFERIR...
ABRAÇOS
P.S: O PEQUI FICA MELHOR COZIDO COM ARROZ!!!
hehehe
Menina,
Onde você foi encontrar aquele almíscar?
É ele que dá o toque sedutor ao texto. Tentei ouvir a música do piano, mas a descrição do devaneio deixou-a em segundo plano.
Quanto à frase de Rilke, infelizmente nossa pressa não deixa os acontecimentos fluírem. Pegamos o ônibus, o metrô e o elevador em silêncio, mas não é o silêncio do caos em que as palavras não pisam. É o silêncio das preocupações do dia-a-dia. O silêncio do "como vou fazer para captar aquele cliente?" ou "como melhorar a produtividade". Infelizmente (desculpe por usar esta palavra de novo), achamos que existem poucos acontecimentos na nossa vida ,justamente por não prestarmos atenção nas coisas simples.
Um beijo!
Alcides
então, experiência, leitura, exemplos...
UM POUCO DE TUDO...
É assim, vou dando voltas e voltas e quando menos espero pego CANETA e PAPEL, e sai.
Olha, de uma conferida no blog
historiascomcarlitos.blogspot.com
ABRAÇOS..............
Postar um comentário