quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

ORGULHOSO DE VOCÊ




Você a vê, mas à primeira impressão não lhe parece tão bonita.
Uma garota simples, sem muitos daqueles atrativos físicos que costuma-se ver em capas de revista, passarelas ou mesmo na novela. Uma pessoa comum, que passaria despercebida se não fosse pela simpatia e pelo belo sorriso largo.
Seu charme, ah, é simplesmente encantador. Ela tem um brilho no olhar, uma alegria estonteante que hipnotiza qualquer um.
Saímos para jantar.
Muito tímida, com as bochechas rubras, mas ao mesmo tempo bem articulada, um sotaque engraçado, não consegui decifrar de onde era. Pareceu-me ser mineira, com "R" de carioca, até mesmo mato-grossense... enfim, não sei. Só sei que eu estava parado e entregue aos seus encantos. É inteligente, focada, antenada, viajada e poliglota.
Enquanto conversávamos, eu sabia mais um pouquinho dela e mais orgulhoso me sentia de estar ao seu lado de uma mulher tão surpreendente. Sequer vi a hora passar.
A cozinha do restaurante fechou. Paguei a conta e a conduzi ao carro.
Contive minha vontade de beijá-la ai mesmo.



=)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Amor a milésima vista

Antes, achava que o amor, necessariamente, precisava acontecer logo de cara e que, com o tempo, as chances de ele nascer só diminuiriam. Pensava: “caso eu não comece a amar à primeira ou, no máximo, à quinta vista, com certeza, não a amarei”. E, raciocinando dessa maneira e subestimando o potencial surpreendente dos sentimentos, por muitas vezes, não dei a devida chance para o surgimento daquilo que, hoje, se em algum momento do passado não tivesse sido barrado pelo meu excesso de expectativas, poderia ter adquirido cor e até, quem sabe, lugar VIP no camarote do meu coração.

“Ela não é a mulher ideal para mim”, pensava, antes mesmo de dar uma oportunidade para que a moça me provasse o quanto eu, baseado apenas em desconhecimentos, criava hipóteses totalmente sem fundamento. “Nunca daremos certo”, eu dizia, como se pudesse prever o futuro, para que ela, aquela com quem eu havia jantado apenas uma vez, não voltasse a me procurar.

Proclamava frases como essas, pois achava que, algum dia, em alguma esquina, bateria os olhos em alguma guria e, abruptamente, como num passe de mágica, identificaria a mulher da minha vida. Achava que aconteceria como nas comédias românticas e que bastaria um esbarrão para que eu percebesse que estava diante daquela com quem dividiria as dores da velhice e o medo de partir dessa para sei lá qual.

Muitas vezes, baseava-me em coisas pequeníssimas para justificar as minhas grandes e precoces decisões. “Não vai dar certo porque ela não viu nenhum filme do Woody Allen”, pensava, antes de descartá-la. “Não sei, cara, ela tem uma barriguinha”, justificava ao sábio amigo que, inteligentemente, sugeriu que eu mantivesse a porta aberta.

E assim, sem ao menos conhecê-las, neguei-as. À espera de uma mulher que, desde o primeiro encontro, parecesse perfeita, não dei chance para que o amor, aos poucos, regado pela crescente intimidade e pelo aprimoramento da convivência, fizesse-se vistoso e sólido.

Hoje, por experiência própria, eu digo: “quase nunca acontece como nos filmes!”. Percebi que para deixarmos o amor surgir, em muitos casos, precisamos dar tempo e chances para que o outro mostre o quanto está disposto a se adaptar e a relevar as nossas imperfeições. E, meus caros, posso afirmar que não existe nada mais bonito do que perceber que, para ficar perto de nós, o outro aprendeu a aceitar e até a admirar as nossas imperfeições. O amor, muitas vezes, surge de uma soma de situações cotidianas. Não entendeu? É simples: o amor é fruto das vezes que o pegou, com cara de bobo, velando seu sono, somadas as vezes que ele, claramente, sofreu quando viu o termômetro afirmando que você estava com febre, multiplicadas as vezes que ele, para não correr o risco de lhe perder, calou-se diante uma palavra que, facilmente, poderia ter iniciado uma guerra mundial. Entendeu agora?

“Quanto mais tempo eu passo com você, mais tempo quero passar ao seu lado”, foi o que escrevi no bilhete que colei na geladeira dela, antes de partir. Escrevi isso, pois percebi que o tempo, apesar de não curar, como dizem por aí, nos dá a chance de dar ao outro, através de atitudes, bons argumentos para que ele nos queira ali, fincado dentro do peito.

Assim como acontece com a massa de um bolo que parece incapaz de inchar, o amor também pode, quando menos esperamos, crescer e até, nos melhores casos, transbordar da nossa forma. Porém, para que exista a mínima possibilidade disso acontecer, precisamos tomar cuidado para não podá-lo antes mesmo que ele comece a dar as caras.


Mais uma coisa: saiba que obrigar alguém a nos amar é impossível, mas que dar bons motivos para que isso aconteça é algo perfeitamente cabível a nós e capaz de, com certezas, encher corações indecisos.


Via Casal Sem Vergonha.