quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

SINAPSE

O cérebro não relaxa
A mente não para
O tempo não volta
A vontade não passa
Inspira
Expira
Relaxa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O Calor do Centroeste

Esse calor do Centroeste, onde fui criada, me faz pensar minhas raizes, minhas origens. Faz-me refletir sobre minha constituição.
Questiono então se meu lugar é mesmo aí, na selva de pedras.

Hoje to aqui em Brasília, no Guará, na casa da minha avó. A família já sabe que estou aqui. Um sabe e fala para o outro. Daí, só eu atendo ao telefone – é sempre para mim mesmo. Isso é bom. O ruim é não ter tempo para visitar a todos. Minha madrinha acabou de ligar. Disse que está com saudades, que não vê a hora de me dar um amasso, me botar no colo, me fazer tapioca e café.
Minha bisa também já ligou. Ela é uma fofa! Mulher forte, um exemplo! Minha tia Lourdes, minha prima Ágatha, meus primos Denise, Jairo e Leandro...meus primos Tania e Daniel...enfim. São cerca de 70 pessoas a visitar. Bom mesmo é festa em família. Tipo Natal, sabe? Dá para ver todos, saber de todos, todos se divertem e eu não fico devendo visita a ninguém! Ah! Também preciso passar um dia na casa do Diego e da Carol!!! Se eu não for lá, eles me matam! O tio Alfredo também quer que eu durma em sua casa por uma noite, para comer besteira e assistir filme. E também o Jojoca quer ficar comigo – e me cobra todo Santo dia: “quando vou te ver, tia?”.
Não. Eu não estou reclamando da demanda. Isso é maravilhoso! Reclamo é do tempo que é curto demais para tanto amor! Também, amor guardado por um ano – às vezes mais! É amor acumulado!

Esse calor do Centroeste a minha infância, quando voltávamos da escola – eu e a Mê – era quente assim. A gente voltava suando. Era quente e seco. E a terra vermelha, que nunca deixava a vovó feliz com as nossas roupas e sapatos – sempre encardidos. Nada tira essa cor avermelhada. Ela impreguina na saudade.

O céu daqui é bem estrelado. É lindo saber que, de onde vim, dá para ver as estrelas no céu. É poético até. Amo olhar para o céu de Brasília! Dá uma paz....uma sensação de casa, de lugar.

Minha vó tá aqui estendendo a roupa. E eu to aqui, no chão de cimento com terra vermelha, com um objeto nada familiar no colo – o notebook. Isso entrou depois para a minha história, e não se parece nada, nada com as minhas raízes. Mas bem, me ajuda a trabalhar.

Hoje está um dia bem gostoso: eu e a minha vó aqui em casa. Fazendo pavê, ouvindo música, rezando, ouvindo o vento no milharal, lavando a calçada, falando da vida dos familiares e também, claro, discutindo o meu futuro (entenda-se futuro por marido).

Meu primo Leandro disse que vem me ver à noite. Talvez ele não venha. Ele é enrolado. Tenho até medo de ficar esperando...sabe, né?! To tão em paz...! Queria continuar assim. Mas a ansiedade inquieta o coração.

To me sentindo livre e amada. Que melhor sensação pode existir?? Isso é mesmo uma bênção do Céu.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

As coisas dele

Cara de nada. De coisa neutra.
Cara de conteúdo total. Cara do que é, sem precisar mostrar, parecer.
Linha do horizonte. Coisa que vem vindo, mas não chega nunca – pra não causar.
Quando vem, então, surpreende – porque, afinal, não dava sinais (nunca).
Se não fala, é difícil saber.
Difícil ler as entrelinhas de quem já é entrelinha.
A obra está escrita. Mas, compreende melhor quem é iletrado.
Compreende melhor quem é mais inclinado, mais de toque, mais de coração, mais de...
...sem pensar. Só de ver, só de olhar.
Não vou falar. Ele não vai falar. Não vai explicar. Se não, perde a vez, perde o motivo, a razão.
O tesão é o não saber.
O tesão é mergulhar.
Te convida a ser.

"Vem, que no caminho eu te explico"

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

TODOS OS PORQUÊS

Quando aprendemos literatura no colégio, estudamos cada escola literária, analisamos o estilo poético de cada autor: sua forma de escrita, as figuras de linguagem utilizadas, gênero e número do eu lírico, tipo de narração, entre outros detalhes. Atentamo-nos também ao contexto sócio, político, econômico e cultural em que o artista viveu e interpretamos os textos tomando por base a junção de todas essas informações.

Ao entender a obra, deduzimos então o que o autor sentia naquele momento. Tentamos apontar como ele pensava, o que sentia, que relações que estabeleceu na construção das metáforas, enxergamos as mais diversas comparações... É como se estivéssemos acima da mente do escritor enquanto ele redigia.

Vamos tomar um exemplo sólido.

O texto anterior mesmo (vide o texto Pequeno Gatinho), alguém aqui compreende a metáfora do gatinho? Conseguem me acompanhar nas minhas associações? Sabem o que se passava na minha cabeça enquanto escrevia?

Adianta falar que vivo no século XIX, que sou publicitária, que faço isso, aquilo e aquele outro? Que freqüentei tal escola, que leio tal material, que uso A, B ou C como referência, que sigo tal exemplo? Que o mercado é globalizado, que os países tentam manter acordo diplomático, que a crise financeira de um país afeta na economia de outro em outro continente? Que a era digital já chegou, que não existem mais barreiras geográficas e que a comunicação é a base da sociedade moderna? Que as relações humanas estão cada vez mais complexas e há guerras por todo e qualquer motivo, em todo lugar: lutas armadas e ideológicas.

E agora? Facilitou sua compreensão? Conseguiu “sacar” um algo mais?

Cada um interpreta de acordo com a suas referências, a sua bagagem cultural.

Longe de mim pensar que alguém aqui é mais ou menos culto, mas pergunto, por que aprendemos assim na escola se a realidade é outra? Ai, ai, ai...

É claro que quando conhecemos o contexto, enriquecemos nossa cultura e isso nos permite compreender melhor os fatos. Mas e quando só temos o fato? Deduzimos o contexto, pressupomos a emoção? Com base em quê?

Suponhamos que daqui a um século um estudante leia meu texto e este por sua vez deverá estudar meu tempo, analisar as condições socioeconômicas e culturais em que vivi para compreender o que eu sentia no momento que escrevi. (pouco pretensioso isso... rs. Até me senti “a artista”)

E quem dirá que a interpretação e conclusão obtida sejam realmente aquela que corresponde ao momento no qual me encontrava?

Falando francamente... quem sabe se até mesmo eu saberei explicar todos os porquês, relatar as emoções que senti quando escrevi.
BaH BaH BaH!!!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PEQUENO GATINHO

Em meados do século XIX, o Brasil sustenta-se basicamente de uma economia agro-exportadora, dominado por uma elite oligárquica escravocrata.
É em meio a esse cenário que, no Rio de Janeiro, vivem os Albuquerques.
Dona de uma bela mansão em Copacabana, a família, de origem burguesa segue rígidos costumes de postura e conduta. Enquanto o pai administra as terras da família, a mãe orienta os criados nos afazeres da casa.
Clarissa, de 7 anos, é a filha caçula do casal. Todas as manhãs ela brinca, sob os olhares atentos da babá, nos fundos da casa.
Certo dia, o mordomo a encontra toda suja, chorando.
Coloca-a carinhosamente em seu colo e a acalma:
- Oh bela menina, por que choras?
Ao olhar ao redor e procurar os motivos do pranto da pequena, avista no mudo da residência, um gato. Deduzindo o ocorrido, indaga:
- O bichano fugiu de ti? Arranhou-te? Machucaste o joelhinho? Não chora!
Ainda com a garotinha em seu colo, ele acaricia os cabelos e continua o discurso:
- Não fique triste, o gatinho quer ser livre como um passarinho. Vai lavar-te, fica bonita que logo ele aproximar-se-á de ti, bonequinha.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

5 MINUTOS NA JANELA

É a buzina que berra
O carro que passa
O semáforo que fecha
E o trânsito que para.
É a moça que atravessa
E está com pressa, pressa,
Muita pressa, sempre com pressa
Atrasada, alienada, sem tempo pra nada...
O céu, em seu azul mais anil, mas quem viu?
E o sol... esquenta a manhã de verão.