domingo, 20 de dezembro de 2009

Dezembro é diferente

Recebi esse texto via e-mail e achei impossível não compartilha-lo, pois a intensidade do perdão é muito forte.
Fica a dica para repensarmos em nossas atitudes e comerçarmos 2010 melhor, mais humanos e mais fraternos
=)




Dezembro é um mês para ser vivido com toda a intensidade. Não há motivos para não curtir dezembro como ele merece. Chegamos ao último mês do ano. Só isso já dá para comemorar. Por pior que tenha sido este ano, chegamos vivos até aqui. Comemore!

Dezembro é Natal. Natal é renascer. Não importa como tenha sido este ano, dezembro é tempo de Natal e de renascer, renasça neste dezembro. Como renascer é "nascer de novo", dezembro é tempo de perdoar o passado. Perdoe tudo neste dezembro. Comece perdoando a você mesmo. Perdoe seus erros, suas decisões equivocadas, suas falhas, seus amores não correspondidos. Perdoe tudo. Perdoe as outras pessoas. Perdoe seus parentes, seus amigos, seus clientes. Não importa o que eles tenham feito. Perdoe! Dezembro é tempo de perdão. Se você não perdoar, não conseguirá renascer, pois dentro de você ainda ficará um resto da velha pessoa que deve morrer para que a outra nasça. E esse outro você, deve nascer criança, leve, sem malícias, sem rancores. Aproveite o embalo e já nasça perdoando por antecedência tudo e todos para entrar no ano novo realmente renascido, novo.

Só que, para poder perdoar, você deve agradecer. Só os agradecidos sabem perdoar. Dezembro é tempo de agradecer. Agradeça a todos aqueles a quem deve perdoar. Ou seja, agradeça a todos, sem exceção - seus parentes, seus amigos, seus clientes e até aqueles que, você sabe, desejaram o seu fracasso. Sem agradecer você não consegue perdoar e sem perdoar você não conseguirá renascer. Dezembro é tempo de gratidão e perdão. Dezembro é diferente!

Agradecendo e perdoando, você terá o dezembro que merece e verá que este mês tem uma mágica e uma mística que nenhum outro possui. Só depende de você!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

INTERPRETAÇÃO AO NOSSO MODO

A interpretação de um texto, a compreensão de uma notícia falada na TV ou até mesmo a decodificação uma conversa entre amigos é sempre muito subjetivo, pois nos valemos daquilo que temos como verdade: as nossas referências, os nossos conceitos, os nossos valores pautados então naquilo que vivenciamos.
Assim diz Nietzsche: “interpretes de texto são sempre desonestos... não intencionalmente, é claro, mas não conseguem transcender seu próprio contexto histórico. Aliás, nem seu próprio contexto autobiográfico”
A leitura nos oferece uma gama de novos conceitos que nos possibilitam formar novos valores, mas conseguiremos nós nos transpor à mente, tempo e espaço do autor?
Abriremos mão de nossos juízos para compreender (ao menos tentar) nosso semelhante?

=)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Observador


Eu continuo te achando um gênio.


Eu sumo e apareço daqui. Eu sempre leio, mas não escrevo mais nada.

Eu sempre penso em escrever, mas não escrevo.

Para manter os segredos, para sacralizar os sentimentos.

Para preservar as coisas de uma forma geral;

ou para não pensar mais. Mas, viver mais.

Viver, ao invés de apenas falar sobre a vida;

Sentir, ao invés de apenas falar sobre sensações;

Crescer, ao invés de apenas falar sobre crescimento.

E por aí vai.

E por motivos como esses, eu já me calei. Mas continuo lendo. Tudinho.

E continuo te achando um gênio.

Nos meus pensamentos, eu te aplaudo de pé - porque a essa altura, eu não acho justo quebrar o silêncio.

O silêncio. É como te digo que te respeito acima da nossa amizade.

No silêncio de quem apenas escreve. Observa e escreve. E te respeita.

Sim, eu sinto saudades também. Mas dizer isso também pode ferir o silêncio - e eu não quero quebrar esse pacto por nada!

No mais, e de tudo, eu quero dizer que eu continuo te admirando e te querendo o bem. Sim, de longe eu faço isso. Eu sigo os seus textos e sei do seu humor aí, sei das suas estaçoes, das suas cores aí.

E você pode me odiar por todas as coisas que achar pertinente. Você vai ter sempre a sua razão.

E, no meu silêncio, ainda eu vou continuar aqui: só lendo, sem escrever quase nunca mais, como observadora do meu próprio blog - passivamente ativa.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MEU CASTELINHO

Quando penso que vou colocar a última peça no castelo de cartas, o vento insiste e sopra mais forte... E meu mundo vem abaixo novamente.
As dúvidas que pareciam estar esclarecidas
As angustias, mais amenas
E os problemas, solucionados.
Tudo estava calmo e tranqüilo, seguia-se o rumo natural.
De repente, o vulcão adormecido entra em erupção e coloca, novamente, à beira do caos.
A cicatriz se abre
A pele se rompe
E a dor retorna...
O castelo de cartas está no chão.

=)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

DEJAVU

Há quanto tempo não paro para refletir, para por no papel algumas análises, ver os fatos por outro ângulo. Mas também, se não acontece nada que me faça sair rotina e que de alguma forma me abale ou me faça pensar, por que vou parar?
Acredito o pensamento crítico deveria ser tarefa diária e obrigatória, assim como escovar os dentes, pentear o cabelo, comer, cortar as unhas... Se mesmo tendo isso como premissa não consigo parar, como seria então se pouco me importasse?
Agora comparo a vida com a inércia, se não há fator externo que tire o individuo de sua órbita/rota, ele continuará na sua mesma trajetória. Como se diz em linguajar popular: “deixe-me estar como estou”
Contudo, quando menos espero, um chacoalhão. E as coisas que estavam adormecidas no fundo do baú ressurgem para por-me à prova de tudo aquilo que um dia considerei como verdade. São conceitos que deverão ser reformulados, situações que serão revistas e as atitudes, repensadas.
E tão logo vem a culpa de que poderia ter sido diferente...
Posso afirmar apenas que todas as decisões foram tomadas pensando que aquela seria a melhor solução naquele momento. Se hoje não foi, na época com certeza tenha sido.
E como em Dejavu (indico o filme), todas as variáveis levam para o mesmo destino.

=)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

SOFRI CALADA

Amei-te em silêncio
E te perdi
Escapaste entre meus dedos
Escorreste pelas minhas mãos
Eu, ali, calada
Sem saber o que fazer
Apenas sofrendo e vendo tudo isso acontecer
Sem saber o porque, ou sequer compreender
Queria-te junto a mim
Só mais uma vez
Apenas por mais alguns instantes.

=)

domingo, 30 de agosto de 2009

Paciencia

VALOR DO TEMPO

Qual o valor do tempo? O que ele significa?
Em meio a uma sociedade em que a comunicação tornou-se instantânea, as barreiras geográficas foram quebradas; os relacionamentos são apenas por uma noite; os produtos, descartáveis e os valores, mutantes.
Todo mundo vive atrasado, o relógio é o imperador e as ordens vem sutilmente num simples passar de olhos pelos seus ponteiros, ecoando: “você está atrasado”.
Isso me fez lembrar do Relojoeiro Maluco, personagem de Alice no país das Maravilhas: estou atrasado, atrasado, atrasado.
E hoje?Alguém sabe esperar?
Esperar? A ansiedade vai parar onde com isso? Esperar é um martírio.
Eu quero agora, eu não sei esperar, eu não posso parar.
Um segundo, uma piscada, apenas o espaço da sinapse neural, é o minuto do pensamento. É pra já, pra ontem.
Perdi o valor do tempo, a sabedoria da paciência.

=)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

APRENDEMOS COM AS ESCOLHAS

Às vezes a vida quer nos testar e nos prega uma peça.
Coloca-nos frente a escolhas que nem sempre sabemos como lidar. Então aparecem ad dúvidas e incertezas.
Qual caminho tomar mediante a uma enxurrada de variáveis?
Ai surgem os “ses”, “ifs”, “sis”...
Na ânsia aceitamos o novo desafio, vamos desbravar o desconhecido e no meio do caminho descobrimos que aquela não foi a escolha certa, não era o que esperávamos. Pronto! Cá está a decepção e a quebra da expectativa e a desmotivação. E o que esperar disso?
O que concluir com essa experiência?
É digno voltar e recomeçar, por isso admita: Eu fiz a escolha errada e quero uma segunda chance.
Aprenda a valorizar o que tem em mãos, pondere o valor de cada objeto, de cada relação, de cada sensação.
Embora em certas ocasiões as escolhas sejam dolorosas, elas fazem parte do nosso crescimento.

=)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A COESÃO DO INCOERENTE

Nem sei mais quanto tempo faz que não que eu não paro para escrever.
E também, escrever o que? Tudo caminha dentro dos conformes da vida moderna e em total sintonia com o binômio casa-trabalho, trabalho-casa.
Agenda cheia de atividades rotineiras, um marasmo total, nada de especial.
Nada que me cause uma emoção, uma explosão, uma dúvida, uma inquietude de pensamento, que me provoque, me instigue....
E agora, me vejo na mais perfeita cena da típica adolescente em crise existencial.
Altas horas da madrugada e cá estou eu , jogada na cama, escrevendo com o caderno no colo e o lápis na mão. No papel, palavras jogadas e rabiscadas vão fluindo, se unindo e formado um texto ora coeso, ora incoerente.
E a vida lá é coerente?

=)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

PUBLICIDADE



Impossível eu não publicar isso.
Minha mãe sempre falou: "Estuda, menina!!!"
- Não, mãe. Quero ser publicitária
Deu no que deu.(rs)
Eu falo, falo, falo... mas amo muito tudo isso.
Para quem não conhece... a realidade é mais ou menos essa mesmo.
Gira muito glamour em torno na profissão, os profissionais de criação tem síndrome de artistas, o ego... que ego? Eles tem super egoinflado e fazem biquinho sim quando a arte da majestade não é aprovada.
Agência é uma mistura de tribos: artistas, nerds, bajulados, bajuladores, arroz-de-festa, futeis (os atendimentos são sempre futeis e cá entre nós, os clientes adoooooooram...rs). Mas no dia-a-dia a gente rala muito. São 10, 12, 16 horas em frente ao PC, conectado à internet, ver e-mails, telefone, celular, MSN, twitter...
É um corre-corre, sem tempo pra nada, tudo pra ontem.
É o dinheiro do cliente que está na suas mãos, a logomarca dele (leia: filho dele)e tudo isso precisa ser administrado com muito carinho.
É o profissional, depois dos médicos, que mais sofre com stress.
Mas é o isso que eu amo incondicionalmente
É o que eu escolhi pra mim, pra minha vida.
Sabia SIM que ia ser assim e acho que não sei fazer diferente.
Gosto não se discute, não é mesmo... lamenta-se...rs
Porque é o jingle da Coca-Cola que está no meu celular
Porque é sobre brands que eu gosto de ler
Porque o consumo é mal, mas é mágico.
Porque eu amo muito tudo isso

=)

domingo, 21 de junho de 2009

BALANÇO FINAL

Acabou o que sequer começou...
E chegou a hora de parar para fazer o balanço.
Analisar tudo o que passou, tudo o que foi vivenciado e tirar algum aprendizado
Por que senão, de que adiantou?
Se não aprendeu nada, para que serviu?
De uma visão à la Polianna, pontuo que...
... aprendi a respeitar mais as diferenças;
... compreendi melhor o comportamento humano;
... convivi em harmonia com as diversidades;
... respeitei a fuga;
... aceitei o momento de refúgio;
... entendi porque nem sempre tudo é o que parece ser;
... cedi em prol do meu próximo;
... valorizei mais o amor que recebi dos meu pais,
porque só damos aquilo que temos para dar e dando que se recebe;
... agradeci porque tenho meus amigos, o meu apoio
... imaginei quão triste seria se não fosse assim.
E do balanço final, subi mais um degrau.
Agora sou mais forte, mais completa, mais humana.

=)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

DEU UMA PREGUICINHA...

Eu confesso... deu uma preguicinha de pular da cama essa madrugada para vomitar, isso mesmo, vomitar o rascunho do texto que nasceu durante a madrugada.
Estava muito frio, a cama estava quentinha e eu tinha conseguido me aconchegar naquele instante. Ir até o outro quarto, é, outro quarto porque sou uma "sem quarto", e pegar meu caderno, meus rascunhos não seria lá uma boa idéia.
Aqui vale um parenteses: escrevo à moda antiga sim! Amo tecnologias, mas coloco as idéias primeiro no papel e só depois transfiro para o PC (rs). E você? Você sabe o quanto é gostoso rabiscar? Rabiscar no sentido literal da palavra: papel, lápis...
A sensação é fantástica, experimente!
Só lembro que pensei: "Aaaaai, agora... Putz, que preguiça! Está frio... amanhã escrevo isso".
Enfim, para concluir, perdi o poema.
Que loucura!!! Como eu pude fazer isso?
Não sei, só sei que foi assim.
Você pode ainda me perguntar: "Brotam idéias de madrugada?"
Com carinho, respondo-lhe: "De madrugada sim. E o cérebro lá tem hora para trabalhar?"
Essa não é a primeira vez que isso me acontece e com certeza não será a última.
Sinceramente, espero que meu cérebro continue trabalhando muito!

=)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

SÓ VOCÊ ME CONHECE

Estamos tão distantes,
E ao mesmo tempo tão perto.
Há tanto tempo... parece que era ontem
É tudo tão claro, tão simples
É sólido, rígido, duradouro
É franco, direto, exato.
Como 2 + 2 = 4
É! Não é!
É sim! Veja bem...
Eu não concordo, mas te respeito...
Tudo bem, gosto de você mesmo assim...
Em cada detalhe, lembro de você
Pra você... é a sua cara!
É alguém que me conhece como eu a mim mesma.
Meu amigo, meu irmão, te amo!

=)

sábado, 6 de junho de 2009

ANGUSTIA

Ah! Que angustia que me dá
Te ver e não poder te tocar
O tempo não passa...
Ando de um lado para outro
Invento mil e umas
E o ponteiro do relógio parece não colaborar
É difícil querer falar e não poder
Querer entender o incompreensível
Querer esquecer o que está aqui cravado.
Me seguro... Ah! Que angústia...
Eu quero gritaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar
E você? Onde está que não pode me ouvir?

=)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Wordless

Mas o que vc esta olhando?
Você ainda esta olhando...
Você me procura ,me olha e me busca.
Busca, porque quando penso que já acabou, que estou livre do seu olhar e que isso tudo está resolvido, lá vêm eles de novo: seus dois olhos e seus diálogos interminavelmente profundos. Eles vêm me resgatar quando me dizem: “Olha eu aqui!”
Eu fico o tempo todo querendo provar ao mundo o que sou, quem eu sou. Mas diante dos seus olhos, é como se eu não precisasse disso. Eu não preciso disso. Eles vêm me dizer: “Silêncio agora”!.
Eles me dizem no silêncio.
Eu fico o tempo todo me esforçando por provar a pessoas sem valor, o meu valor. Mas vc me diz: “Eu te sei. Descansa agora.” E esse seu olhar vem me lembrar o de Cristo.
E você é tão cristao quanto não consigo ser.


domingo, 24 de maio de 2009

FRASE DO DIA...

Por que esquemos aquilo que não pode ser esquecido e não conseguimos esquecer o que precisa ser esquecido????

=)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Conto das Antigas


Miriam era uma mulher bonita. Alta, cachos negros, olhos vivos, desenho forte, confiante. Médica. Casada com Joaquim, um novo carcamano. Alguns anos mais jovem que sua esposa, mas parecia mais velho bem o dobro da idade que lhe davam. Estava sempre apegado `as suas idéias velhas, conservadoras, cheias de pó e juízo. Encontrava tempo para o seu piano e para suas reclamações costumeiras. Quase nada estava bom o dia todo – fora a sua música. Para Joaquim, os lugares bons eram sempre os mesmos – os mesmos velhos conhecidos e baratos!
Catarina tinha amizade pelos dois. Eram um casal que ninguém sabia se eram ou não. Ela era muito sociável. Estava sempre na maioria das festas e proporcionava também essas reuniões com os amigos sempre que dava espaço a sua agenda. Viajava muito, sorria bastante, gostava de cores – e essas lhe davam o sabor e o humor do dia. A fase era os tons de beringela. Espiritualizada e desejando sempre querer ser melhor, Catarina observava todas as coisas sempre, para obter a sabedoria que todos os dias pedia a Deus. Queria ser uma das 10 do harém de Salomão, a preferida do Rei. Catarina tinha muitos pretendentes, mas procurava alguém que de fato, lhe tocasse o coração. Estava disposta a ser do seu marido. Rogava a Deus pelo seu José. E esperava com alegria todos os dias, pois, cada dia que passava era sim um dia a menos de espera. Pele branca, cabelos escuros, olhos cor de mel. Assim era a Catarina, sempre a sorrir e a dar festas.
O fato é que sim, ela já tinha se apaixonado algumas vezes, e com isso, já tinha se lastimado até a enfermidade tantas vezes se apaixonou. Joaquim estava lá e fazia parte dessas feridas. Ele foi quem a alertou sobre várias coisas sobre a vida quando ainda não sabia nada. Catarina fora noiva por 12 anos de Julião, o filho do prefeito da cidade, de familia conhecida e renomada. Julião era sim o genro que toda a sogra gostaria de ter. E não era pouca a cobrança dos familiares para que se casassem. Mas já não estava tão feliz assim, quando conheceu Joaquim. Era músico, poeta, filosofo e antropólogo. E dentre as coisas das quais era especialista, era em compreender a alma de Catarina. Disse-lhe certa vez, que as flores tem cheiro, cada uma o seu; que era lindo ouvir os pássaros, pois não havia um que fosse desafinado;que ser quem se é, é bom e que uma vida medíocre não vale a pena. A cada encontro, Catarina se questionava sobre a sua vida e pedia a Deus que lhe concedesse uma vida diferente. Queria saber como era o cheiro das flores e queria poder entender o canto dos pássaros. Pedia a Deus que lhe permitisse ser quem era, e disse também que não importava a cadeira de primeira-dama. Queria era viver. O tempo passava entre sair com os amigos casados, a ir a igreja, e a brigar com Joaquim. Cada vez que ele lhe dizia o que se passava em seu coração, eles brigavam. Joaquim a levava a conhecer seu mundo. Ensinou-lhe a respeito de música, de cinema alternativo, da poesia das coisas, das suas coisas velhas... e Catarina foi aos poucos amando estar ali – pois, como ele, também era de raizes fundas. Joaquim falou-lhe de amor, e mais ainda, mostrou-lhe o amor. Mostrou e deu a ela seu coração – cru, nu. Era aquilo mesmo. Uma paixão de tudo e de si mesmo o que ele tinha a oferecer a ela – todo ele. Todo. Catarina não entendia dessas coisas e achou que estava louca, pois apaixonou-se perdidamente por Joaquim e nao sabia o que era. Pela primeira vez na vida viu-se sem dominio algum de si.
Enquanto Catarina queimava em febre por Joaquim, Miriam pedia-lhe auxilio pois sentia seu marido diferente em casa. Mais agressivo talvez, ou mais doce – quem vai saber? Catarina aconselhava da melhor forma a amiga. Queria que eles se acertassem, queria ficar bem com seu noivo e queria que tudo voltasse ao normal. Mas parece que quanto mais queria, menos acontecia. Numa ocasião, estavam os três com amigos em um campo de golfe. Joaquim pediu 2 minutos da atenção de Catarina, para dizer-lhe que pretendia se separar de Miriam. Catarina, de pronto, disse que isso era insano. Que tudo ia ficar bem, que insistisse em reconquistar sua esposa. Ele disse então, que não era um conselho o que buscava, mas apenas estava dizendo o que ia fazer. Uma semana depois, Catarina recebe uma correspondência de Miriam, pedindo-lhe que conversasse com seu marido, pois tinha pedido a separação. Miriam pediu-lhe em nome da amizade e pelo amor de Deus. Catarina disse que ia rezar, apenas para confortar a amiga. Mas sabia da posição de Joaquim – e resolveu não falar.
Miriam mais parecia uma figura ao lado de Joaquim. Alguém que servia para acompanhá-lo nos eventos sociais. Não davam as mãos, não se beijavam, não se olhavam. Era como se fossem dois irmãos. Miriam tinha, inclusive, certo receio de falar ao marido. Receio de seu gênio. Receio de sempre piorar. Por isso, era sempre obediente e se mostrava sempre contente, disposta.
Passaram-se os anos. Catarina e Julião romperam o noivado, ela mudou-se da cidade e foi conhecer o mundo. Nunca mais soube do casal. Certa data, recebeu um convite de Carolina, uma amiga muito estimada e de longa data. Era o baile de 15 anos de sua filha, Sofia. Catarina estava lá. Foi linda, para homenagear a amiga. Estava de longo bordô, luvas longas, usava prata e brilhantes. Foi com seu irmão, Ricardo. Lá estavam também Miriam e Joaquim. Ele mudou. Os cabelos cresceram. Mas Miriam, nada. Continuava com a mesma tez que tinha aos 20 anos. Então os olhares se cruzaram. Catarina tentou evitar esse momento o quanto pôde. Mas não resistiu, afinal. Olhou e viu que nada mudou. Nada, nada tinha mudado desde tantos anos, desde sempre. E Joaquim continuava a ser o entendedor de todas as suas entrelinhas. Na mesa, o silêncio dos dois incomodava Miriam. Ela sabia bem daquele diálogo. Miriam tratava de cuidar que Joaquim não ficasse só. Por qualquer motivo, tomava logo a palavra, tirando-lhe o foco da velha amiga. Catarina também, não insistiu. Não queria nenhum tipo de constrangimento ou culpa para si. Dançou, divertiu-se a festa toda. Cumprimentou a todos e cumpriu ‘a risca fazer a social e ser a mais agradável possível. Contudo, não pode evitar dançar com Joaquim. Catou-lhe o braço em uma música nada suspeita. Sem letra romântica, nem nada que pudesse criar um clima e levá-los ao pecado. Joaquim sabia o tempo que tinha com ela. Tinha dois minutos para sugar-lhe toda a água, matar toda a saudade de tê-la nos braços, dizer-lhe com suas mãos grossas o quanto ele sentia sua falta, o quanto ele ainda a amava, o quanto ele sempre a tivera amado. Joaquim, entendedor das coisas de Catarina, disse tudo isso em breves dois minutos. E ela entendeu – cada palavra em suas mãos e no roçar de seu rosto.
Ao fim da festa, dividiam-se as caronas em caravanas. Joaquim, indisposto, se recusava a fazer as vezes. Não queria levar ninguém, pois morava mais afastado da cidade. Pediu que Catarina e Ricardo levassem seus convidados. Como eram muitos, Catarina insistiu que Joaquim fizesse aquela gentileza. Ele ainda argumentava quando Catarina, já energica, disse: “Será que vocè pode fazer caridade?” Joaquim, de pronto, acatou. Miriam ficava pasma perante a obediencia dele ‘a voz de Catarina. Ela conseguia coisas como amiga que, como esposa, nunca alcançara. Miriam não tinha voz com o marido, nem nunca teve. Sabia que Catarina tinha força com seu marido, mas nunca tinha participado de um diálogo como esse antes. Miriam lançou um olhar espantado para Catarina, quem preferiu ignorar.
Caravanas feitas, Catarina foi tomar um café. Joaquim passou por trás dela e lhe deu uma sova ardida nas costas, na parte nua do vestido. Ela: “ Delicado...” ele: “Amor da minha vida” e riu. Um riso discreto e afirmativo. Ela riu também, olhando para a mesa. Não quis mais olhar para ele. E pensou: “Como pode ser? Já se passaram tantos e tantos anos! Será? “ E a duvida pairava mesmo. Até que, por fim, nos beijos de despedida, Joaquim rouba-lhe um beijo dos lábios, muito rápido e sorrateiro. Depois vira e vai embora. Ao seu beijo, seguiu o abraço simples e nada acalorado de Miriam.
Catarina pegou no braço de Ricardo, e foi embora com a sua caravana, pensando em como ela teve coragem para ter sua vida, e como Joaquim, até hoje, não pòde seguir seus prórpios conselhos. Como Joaquim pôde ter escolhido essa vida mediocre e ficar com Miriam, num dos relacionamentos mais egoistas possivel ao ser humano – onde um vive das migalhas do amor de um segundo a outrem.

Medíocre

Era um homem que não sabia amar.
Não sabia amar o céu, nem o mar. Não sabia entregar, doar. Sabia ser egoísta. Isso sabia.
Nada ouvia, mas tudo criticava. O seu ponto de vista era o do limite do umbigo.
Mas sonhava. Sonhava e sonhava. E fazia dos seus sonhos a sua realidade. E bastava. E a vida era isso. Esperava no sonho a realidade. Mas viver, não. Não vivia.
O sonho até acontecia – pois Deus tem miseriórdia. Mas ele não sabia.
O sonho passava e ele, ao invés de viver, só sonhava.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Uma coisa inspiradora...

Nao sei como ela ainda consegue me tirar poesia...!
Em uma das minhas aulas na faculdade de Letras a Mestra explicava que, a um escritor, um ovo, ou uma perna de cadeira pode ser motivo de inspiração. A mim, várias coisas me inspiram a escrever. Mas uma inspira mais.
Sentimentos me inspiram – o que é o mais comum. Novas amizades, uma musica, uma cor, um estado de espírito. Estar sozinha em dia de frio, me inspira. Tem leituras que me inspiram. As musicas do Chico Buarque e as da Laura Pausini são excelentes fontes. Mas tem algo que sempre me rende poesia, e ainda me inspira mais.
Ver determinada situação na TV, ou a conversa de uma amiga já me renderam textos também. É preciso estar inclinado ‘a crònica ou ao conto, para tirar historia das coisas. E, ao final do dia, sempre sai algo, sempre penso em algo. Mas tem uma coisa que me inspira, independente de qualquer estado de graça que eu esteja para escrever. Tem uma coisa que acaba sendo a minha fonte. É mesmo uma fonte, pois sou capaz de escrever vários e vários temas a respeito dela.
É mesmo uma coisa. É um ser complexo. Eu posso estar com o coração mais duro do planeta, mais duro que um diamante, aliás. Mas ainda sim, sou capaz de dar uma boa poesia, no mínimo, ‘a vista dessa coisa.
Nao sei como é isso direito. Tampouco saberei explicar. Só sei que, quando a vejo, eu preciso logo escrever. Para me esvaziar disso, da coisa, sabe como eh?
Pois é, eu não sei também. Mas sei que se não o faço, essa coisa não me sai da cabeça. E é como praga. E fica ali, eterna como praga. Então, eu prefiro escrever, pois assim, fica impregnada no papel, e não mais na minha cabeça.
Esses dias achei uma foto dessa coisa, em uma caixa de fotografias de coisas antigas. Sabe aquelas velharias que vez ou outra a gente pega para rever: Então. Estava lá. Pronto. Eu já tinha esquecido. Juro. Mas foi bater os olhos ali e ela me dizer tudo de novo, das minhas coisas. Me disse o quanto eu gosto de escrever, me fez lembrar o quão feliz eu era enquanto a tinha, e o quanto eu ainda sinto saudades dessa...coisa. Essa coisa que não tem nome e nem explicação. Essa coisa que sempre me faz lembrar de todos os meus conflitos. Essa coisa me leva ao amargo de mim e me faz deparar com minhas dores e também com meus sonhos mais fortes. Essa coisa nunca me deixa esquecer quem sou e como sou. Foi por causa dela que me revelei assim. Assim como sou agora – porque eu era outra. Por causa desa coisa, muita coisa mudou em mim. Eu me tornei mais eu, mais humana. Daí, ela sumiu. E eu aprendi a andar de bicicleta sem as rodinhas – pois não tinha mais ninguém para me segurar.
Então, eu acho que é isso. Quando eu me deparo com essa coisa, eu lembro mesmo é de mim. E, como algo meio que assim narcisista, a minha maior fonte de inspiração, deva ser eu mesma.

A VISITA AO SAFARI

Carlinha é uma menina muito esperta e ainda está descobrindo o mundo. Com apenas 5 anos, tudo quer saber, tudo pergunta, tudo investiga. Muito inteligente, é destaque entre os demais coleguinhas de classe, que a tem como exemplo. E em sala de aula, sempre os ajuda com as atividades.

Seus pais, vendo a curiosidade latente da pequenina, estimulam e instigam essa sede por conhecimento: dão-lhe livros, levam-na ao zoológico, museu, fazem viagens, conhecem legares diferentes, contam-lhe a história de cada lugar, de cada povo, de cada construção. Em casa, rodeada por adultos, Carlinha se comporta como uma verdadeira mocinha. Ela é o orgulho dos pais: exemplo de filha, de aluna.

Em um belo domingo de outono, nenhuma nuvem no céu, apenas brilho radiante do sol. A família resolve fazer um piquenique e um safári, para que a menina possa ter mais contato com a natureza e conhecer os animais em seu habitat.

Para o piquenique a mamãe preparou um delicioso lanche com presunto e queijo, chocolate quente, suco de laranja, frutas e a sua especialidade: rocambole com geléia de morango. Todos se reuniram em volta da toalha xadrez, sentaram-se na grama, fizeram o desjejum, em seguida saíram animados para a aventura.

Antes de subir no jipe que os levariam ao passeio, os pais orientaram a pequena.

- Carlinha, meu bem, não coloque a mãozinha nos bichinhos, eles tem medo de você e podem te morder e te machucar. Por isso, quando descermos do carro, fique junto de nós e do titio (referindo-se ao guia que os acompanharia).

Obediente, ela apenas sinalizou positivamente com a cabeça.

Seguiram o passeio.

Carlinha estava encantada, não sabia o que olhar primeiro. Apontava e comentava todos os detalhes com a sua mãe:

- Mamãe a arara... viu... que linda ela voando.

- E aquele bicho lá com o bico amarelo como chama? Que lindo! O que ele faz? Para que ele serve?

- Querida, aquele é o tucano, uma ave típica das florestas da América do Sul. Realmente é muito bonito. Veja o bico dele como parece de plástico. E é bem forte. Ele se alimenta de frutinhas e de alguns bichinhos.

- E esse outro aqui perto de nós, mãe! Olha ele na árvore, ele vai voar?

Atenciosa, a mãe responde sorrindo à observação da garotinha:

- Esse é o mico-leão... rs. Um macaquinho bem esperto e muito ágil. Ele pula de árvore em árvore, corre entre os galhos. O rabo comprido dá equilíbrio para os saltos. De Ele já está em extinção, existem bem poucos na natureza e se não cuidarmos, logo ele não existirá mais.

Em uma savana, o carro para e os turistas descem do carro, se refrescam no lago, lavando o rosto, molhando as mãos e abastecendo os cantis com a água límpida e cristalina.

Não muito distante dali, um bando de zebras passeava e ao longe avistava-se algumas girafas se alimentando.

Carlinha observava atentamente cada detalhe. Movida pela curiosidade, lentamente foi se afastando dos pais. Ela avistara um pequeno leão que nascera no safári há apenas algumas semanas. A mãe do filhote não estava por perto e a garotinha ficou fascinada pelo pequeno peludo que caminhava lentamente, até um pouco desengonçado, em busca da mamãe leoa.

Aos poucos, ela foi chegando cada vez mais perto do pequeno leão. Sabia que a qualquer momento, o leãozinho poderia avançar, mas ela foi passo a passo se achegando ao felino. O animal exerce um encanto fascinante. Peludo, redondo, muito se assemelha a um ursinho de pelúcia, mas nesta versão, ele anda, corre, come.

Ele se deita próximo ao lago e a menina chega por trás e acaricia-o. De repente o bote: ele se contorce e lhe dá uma bela patada.

A garota, assustada, sai chorando, com o bracinho ferido.
Os pais se assustam ao ver aquilo. Rapidamente a mãe apanhou a menina em seus braços, correu para o jipe e junto com o guia, fez curativos.

Mais calma e ainda no colo da mãe, a conversa:

- Carlinha, você sabia que não deveria mexer nos bichos selvagens, não é mesmo? A mamãe já tinha lhe falado. Eles são imprevisíveis.

Cabisbaixa, ela apenas movimentava a cabeça para cima e para baixo

- Minha filha, você sabia que poderia se machucar e mesmo assim foi até lá perturbar o leãozinho. Ele se assustou com você e como defesa, ele avançou.

- Mas mãe, eu só queria vê-lo. Ele é tão fofinho. É igual o Ted.

- Querida, o Ted é o seu ursinho e ele fica na sua cama. Esse leãozinho mora aqui no safári e é selvagem. Você sabia de todas as conseqüências e mesmo assim foi lá perturbar o passeio dele.

- Desculpa mamãe, desculpas

- Está bem, meu anjo, não chore mais. Está tudo bem. Vamos pra casa agora.


=)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Um texto definitivo para o meu profile

Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir
De entrar em contato... Ou toca, ou não toca.
E se me achar esquisita, respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar
Gosto dos venenos, os mais lentos!
As bebidas, as mais fortes!
Dos cafés mais amargos!
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco
Que eu vou dizer: E daí? Eu adoro voar!!!
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!
Que minha solidão me sirva de companhia
Que eu tenha a coragem de me enfrentar
Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome
Sou como você me vê, posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania,
depende de quando e como você me vê passar.

Clarice Lipector

O melhor texto e a melhor descrição que eu achei para colocar no profile do meu orkut. Magnifico esse texto.
Não preciso falar mais nada, não é mesmo...rs

=)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ode a você

Mais uma vez vou publicar um poema escrito por um conhecido
Mas desta vez, com muita dor no coração...
Imagino o quanto não sofra essa pessoa para que surjam palavras tão rudes, com tanto ódio e amargura. E mais, jogá-las no papel perpetuando o sentimento, deixando a ferida sempre vulnerável à lembrança...
A dor deve ser tamanha...
Mas enfim, como disse em post anterior, como compreender os sentimentos, não é mesmo?
Vale a leitura e a intensidade do poema.

=)



Ode a Você

Você tentou tornar fidelidade em infidelidade
Você tentou tornar confiança em insegurança
Você tentou plantar insensibilidade no coração sensível

Com amargura escrevo esses versos

Você tentou plantar mentiras nas verdades
Você tentou contar estrelas em outros céus
Você tentou ludibriar justo quem abriu a porta

Com tristeza escrevo esses versos

Você tentou cravar facas na minha porta
Você tentou sabotar o amor
Você tentou trazer o anti-amor

Com esperança escrevo esses versos

Que a infidelidade floreça um lindo campo de fidelidade na sua vida
Que o Anti-amor de frutos de muito amor na sua vida
Que das mentiras nasça um pomar de grandes árvores da verdade
Que da insensibilidade escorra um rio lindo de sensibilidade

Que a vida sorria com seu maior ardor
Mesmo com a dor que vc espalha pelo mundo

Versos que deviam ser de amor, são de providência.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

É A MINHA PAIXÃO

Acabada, fisicamente destruída, mas em êxtase profundo.
Um rubor quente que me sobe à face, os lábios estão roxos, a respiração intensa e ofegante. O suor molha minha roupa, percorre meu corpo e escorre pelas minhas costas. O coração bate em ritmo acelerado e o corpo corresponde rapidamente aos estímulos. Estou ligada, atenta.
Concentra, respira... e ao fundo ouço a voz que ecoa:
- Levanta o cotovelo, gira o quadril, fecha a guarda!
- Respira, solta o ar pela boca. Bate sequinho e volta. Vai! Vai! Vai!
Pode até parecer estranho para que lê, mas essa cena faz parte do meu cotidiano, dos meus treinos, da minha vida fora do binômio escritório-computador.
Sou praticante de sanshou, também conhecido como boxe chinês - técnica de luta que consiste em socos, chutes e queda.
O esporte se tornou a minha paixão, minha válvula de escape, meu tranqüilizante, meu porto seguro. É mais que um mero exercício físico, é mais que pura estética. É adrenalina, controle do corpo e da mente. É uma estratégia de combate, uma arte marcial. É a busca da perfeição na beleza do movimento e na plasticidade da luta.


“O sanshou (散手, literalmente, punhos livres) é a forma desportiva de combate dentro do Kung-Fu. Sem perder potencial marcial, ele difere do combate tradicional por não empregar técnicas excessivamente perigosas como torções localizadas e golpes contra pontos críticos ou vitais como olhos, garganta, joelhos e genitais. Mesmo sem partir para golpes drásticos, porém, um bom lutador de Sanshou é - tecnicamente falando - um adversário absolutamente digno de respeito. Como o combate tradicional, o sanshou exige técnica apurada, velocidade, preparo físico intenso e a noção exata de equilíbrio e tempo.”


=)

terça-feira, 12 de maio de 2009

FRASE DO DIA...

Para que nos servem os sentimentos senão para desenvolver nosso intelecto na insana tentativa de compreende-los.

=)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

RENDA-SE

Sou como a brisa que te toca suavemente,
que acaricia tua pele e em poucos minutos me transformo
num tornado que arrasta todos os teus sentimentos,
que bagunça tua razão e te deixa nu,
Está desarmado, perdido.
Tudo isso te assusta? Por quê?
Porque fujo do teu controle?
Porque surpreendo-te a cada passo?
Porque evoco teus sentidos?
Porque consumo suas forças e não saio do teu pensamento.
Renda-se!

=)

sábado, 9 de maio de 2009

(sem título)

Somos tão diferentes
que chegamos a ser iguais
eu penso e você já diz que não é
eu choro, você ri

Mas os corações parecem unidos
como se não reconhecessem essa diferença
Você quer que tenham medo de você
mas o sentimento que tenho é outro

Tenho medo sim, mas não de você,
Mas de não vê-lo mais, pois diante de você sou mais forte
te encaro, mas te beijaria
falo alto, mas falaria baixinho ao pé do seu ouvido
desvio olhar, mas olharia fixamente pros seus olhos
Apesas para dizer que te amo.


BY JONES

sábado, 2 de maio de 2009

O QUE É ESCREVER?

Sinta,
Cuspa,
Espernei,
Reflita,
Pense, pense, pense
O papel quer te ouvir, ele briga com você
Escreva... não... reescreva
Reescreva outra vez
Apague, reveja tudo de novo
Rabisque
Rasure
Organize seus pensamentos
Alinhe suas idéias
Crie suas hipóteses
Brigue com você
Tire suas conclusões...
Aliiiiiiiiiivio!!!!!

=)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

QUERO MAIS

O novo me atrai
O desconhecido me instiga
Quero tudo que é místico, que é mistério
O que tem ai dentro Dona Ostra?
Abre, abre... quero ver!!!!
Quero saber mais, quero ir além
Não desperte minha curiosidade
Não me cutuque, não me provoque
Porque eu vou fundo, vou até as últimas conseqüências
Porque eu quero mais, mais, mais...

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Sexo dos Anjos

Quero ver o que você vai escrever sobre ontem.
Sobre a paz, sobre o conforto, sobre a brisa.
Ontem você não teria dito “Rock and Roll” ; Teria dito “ Bossa Nova”.
Voce teria dito Bossa Nova dessa vez. Eu estava Rock.
Eu dizia: “Medo, Angústia” – e vc concordava, mas mostrava paz.
Seu semblante me dizia o tempo todo que estava tudo bem. Seus pontos eram justos e firmes, perenes. Sem muitas exclamações e as interrogações eram suaves.
Não dá para falar de guerra enquanto se contempla o oceano.
Disse-me que não pretende ser confundido com um anjo, que não é assexuado.
Desculpe-me! Inevitável!
‘A noite, vc escreveu que me queria e me fez confessar o meu ciume por vc.
Eu posso sentir mais ciúme se você tentar.
Mas a verdade é que não quero. Machucada como estou, seria caridade se você me concedese mais da sua paz.
Hoje eu não quero permitir que nada acabe com o que construímos ontem.
Você me colocou na cama, me cobriu. Me deu um beijo e disse : “ durma bem”. Saiu quando fechei os olhos – exausta, mas feliz.

Ontem eu aprendi sobre o sexo dos anjos.

OPOSTOS

Naquela noite, ela só queria sair pra se divertir.
Ela apenas dançava e sorria, deslizando pela pista, enquanto ele a cercava por todas as direções na tentativa de trocar algumas doces palavras e saber mais sobre aquele ser iluminado que despertara sua atenção.
Quanto mais ele olhava, mais ela dançava.
Ela, totalmente envolvida pela energia da música, o ritmo , as luzes...
Uma pausa, um respiro, uma dose... cinco minutos... e ele se aproxima.
Ela é A, ele é Z
Ela destilados, ele fermentados
Ela eclética, ele fanático
Ela ponderada, ele extremista
Ela é água, ele óleo
Ela é muitos, ele é um
Ela é doce, ele ácido
Ela humilde, ele exacerbado
Os opostos se atraem? Se distraem...

=)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

RÁPIDO DEMAIS

Ela não imaginava que tudo andaria tão rápido assim.
Ontem ele era apenas mais um...
... mais um que a observou durante a noite toda
... que a cercou
... que ofereceu-lhe um drink
... com quem ela trocou poucas palavras
... mais um entre tantos outros.
Agora é com ele que ela se importa, em quem ela pensa antes de adormecer.
É dele que ela sente saudade
É dele que ela anseia uma mensagem, um e-mail, uma noticia
É com ele que ela gosta de conversar
É o carinho dele que ela sente falta
É do calor do abraço dele que ela sente o frio
É por ele!

=)

domingo, 12 de abril de 2009

LADO B

É domingo... estou só e você poderia estar comigo
Penso em ti, mas me lembro muito pouco...
Você se faz tão distante, tão dificil
Um muro nos separa
Eu sou A, você é B

=)

quinta-feira, 26 de março de 2009

O LEITOR



Sinopse oficial
Na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial o adolescente Michael Berg (David Kross) se envolve, por acaso, com Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que tem o dobro de sua idade. Apesar das diferenças de classe, os dois se apaixonam e vivem uma bonita história de amor. Até que um dia Hanna desaparece misteriosamente. Oito anos se passam e Berg, então um interessado estudante de Direito, se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas.


Aí está um filme que vale muito a pena assistir.
O longa conferiu o Oscar de Melhor Atriz a Kate Winslet e aqui entre nós, muito merecido. Nas entrelinhas, a trama aborda temas polêmicos como:
- holocauto
- analfabetismo
- justiça/preconceito
- ética
Não vou me extender nos cometários, para não relatar detalhes que valem a pena ser vistos na telona.
Bom filme.

segunda-feira, 23 de março de 2009

LEMBRO DE VOCÊ

Sonho com você
Lembro-me dos seus beijos
Sinto seu cheiro
Esquento-me no calor da sua pele
Me afago sobre seu peito
Adormeço em seus braços.
Saudade de você.

Obs.:
Música: Palpite (Vanessa Rangel)
http://www.youtube.com/watch?v=mIm3hcc6lzE&feature=PlayList&p=56747753618A88D7&playnext=1&playnext_from=PL&index=8

=)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

SINAPSE

O cérebro não relaxa
A mente não para
O tempo não volta
A vontade não passa
Inspira
Expira
Relaxa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O Calor do Centroeste

Esse calor do Centroeste, onde fui criada, me faz pensar minhas raizes, minhas origens. Faz-me refletir sobre minha constituição.
Questiono então se meu lugar é mesmo aí, na selva de pedras.

Hoje to aqui em Brasília, no Guará, na casa da minha avó. A família já sabe que estou aqui. Um sabe e fala para o outro. Daí, só eu atendo ao telefone – é sempre para mim mesmo. Isso é bom. O ruim é não ter tempo para visitar a todos. Minha madrinha acabou de ligar. Disse que está com saudades, que não vê a hora de me dar um amasso, me botar no colo, me fazer tapioca e café.
Minha bisa também já ligou. Ela é uma fofa! Mulher forte, um exemplo! Minha tia Lourdes, minha prima Ágatha, meus primos Denise, Jairo e Leandro...meus primos Tania e Daniel...enfim. São cerca de 70 pessoas a visitar. Bom mesmo é festa em família. Tipo Natal, sabe? Dá para ver todos, saber de todos, todos se divertem e eu não fico devendo visita a ninguém! Ah! Também preciso passar um dia na casa do Diego e da Carol!!! Se eu não for lá, eles me matam! O tio Alfredo também quer que eu durma em sua casa por uma noite, para comer besteira e assistir filme. E também o Jojoca quer ficar comigo – e me cobra todo Santo dia: “quando vou te ver, tia?”.
Não. Eu não estou reclamando da demanda. Isso é maravilhoso! Reclamo é do tempo que é curto demais para tanto amor! Também, amor guardado por um ano – às vezes mais! É amor acumulado!

Esse calor do Centroeste a minha infância, quando voltávamos da escola – eu e a Mê – era quente assim. A gente voltava suando. Era quente e seco. E a terra vermelha, que nunca deixava a vovó feliz com as nossas roupas e sapatos – sempre encardidos. Nada tira essa cor avermelhada. Ela impreguina na saudade.

O céu daqui é bem estrelado. É lindo saber que, de onde vim, dá para ver as estrelas no céu. É poético até. Amo olhar para o céu de Brasília! Dá uma paz....uma sensação de casa, de lugar.

Minha vó tá aqui estendendo a roupa. E eu to aqui, no chão de cimento com terra vermelha, com um objeto nada familiar no colo – o notebook. Isso entrou depois para a minha história, e não se parece nada, nada com as minhas raízes. Mas bem, me ajuda a trabalhar.

Hoje está um dia bem gostoso: eu e a minha vó aqui em casa. Fazendo pavê, ouvindo música, rezando, ouvindo o vento no milharal, lavando a calçada, falando da vida dos familiares e também, claro, discutindo o meu futuro (entenda-se futuro por marido).

Meu primo Leandro disse que vem me ver à noite. Talvez ele não venha. Ele é enrolado. Tenho até medo de ficar esperando...sabe, né?! To tão em paz...! Queria continuar assim. Mas a ansiedade inquieta o coração.

To me sentindo livre e amada. Que melhor sensação pode existir?? Isso é mesmo uma bênção do Céu.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

As coisas dele

Cara de nada. De coisa neutra.
Cara de conteúdo total. Cara do que é, sem precisar mostrar, parecer.
Linha do horizonte. Coisa que vem vindo, mas não chega nunca – pra não causar.
Quando vem, então, surpreende – porque, afinal, não dava sinais (nunca).
Se não fala, é difícil saber.
Difícil ler as entrelinhas de quem já é entrelinha.
A obra está escrita. Mas, compreende melhor quem é iletrado.
Compreende melhor quem é mais inclinado, mais de toque, mais de coração, mais de...
...sem pensar. Só de ver, só de olhar.
Não vou falar. Ele não vai falar. Não vai explicar. Se não, perde a vez, perde o motivo, a razão.
O tesão é o não saber.
O tesão é mergulhar.
Te convida a ser.

"Vem, que no caminho eu te explico"

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

TODOS OS PORQUÊS

Quando aprendemos literatura no colégio, estudamos cada escola literária, analisamos o estilo poético de cada autor: sua forma de escrita, as figuras de linguagem utilizadas, gênero e número do eu lírico, tipo de narração, entre outros detalhes. Atentamo-nos também ao contexto sócio, político, econômico e cultural em que o artista viveu e interpretamos os textos tomando por base a junção de todas essas informações.

Ao entender a obra, deduzimos então o que o autor sentia naquele momento. Tentamos apontar como ele pensava, o que sentia, que relações que estabeleceu na construção das metáforas, enxergamos as mais diversas comparações... É como se estivéssemos acima da mente do escritor enquanto ele redigia.

Vamos tomar um exemplo sólido.

O texto anterior mesmo (vide o texto Pequeno Gatinho), alguém aqui compreende a metáfora do gatinho? Conseguem me acompanhar nas minhas associações? Sabem o que se passava na minha cabeça enquanto escrevia?

Adianta falar que vivo no século XIX, que sou publicitária, que faço isso, aquilo e aquele outro? Que freqüentei tal escola, que leio tal material, que uso A, B ou C como referência, que sigo tal exemplo? Que o mercado é globalizado, que os países tentam manter acordo diplomático, que a crise financeira de um país afeta na economia de outro em outro continente? Que a era digital já chegou, que não existem mais barreiras geográficas e que a comunicação é a base da sociedade moderna? Que as relações humanas estão cada vez mais complexas e há guerras por todo e qualquer motivo, em todo lugar: lutas armadas e ideológicas.

E agora? Facilitou sua compreensão? Conseguiu “sacar” um algo mais?

Cada um interpreta de acordo com a suas referências, a sua bagagem cultural.

Longe de mim pensar que alguém aqui é mais ou menos culto, mas pergunto, por que aprendemos assim na escola se a realidade é outra? Ai, ai, ai...

É claro que quando conhecemos o contexto, enriquecemos nossa cultura e isso nos permite compreender melhor os fatos. Mas e quando só temos o fato? Deduzimos o contexto, pressupomos a emoção? Com base em quê?

Suponhamos que daqui a um século um estudante leia meu texto e este por sua vez deverá estudar meu tempo, analisar as condições socioeconômicas e culturais em que vivi para compreender o que eu sentia no momento que escrevi. (pouco pretensioso isso... rs. Até me senti “a artista”)

E quem dirá que a interpretação e conclusão obtida sejam realmente aquela que corresponde ao momento no qual me encontrava?

Falando francamente... quem sabe se até mesmo eu saberei explicar todos os porquês, relatar as emoções que senti quando escrevi.
BaH BaH BaH!!!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PEQUENO GATINHO

Em meados do século XIX, o Brasil sustenta-se basicamente de uma economia agro-exportadora, dominado por uma elite oligárquica escravocrata.
É em meio a esse cenário que, no Rio de Janeiro, vivem os Albuquerques.
Dona de uma bela mansão em Copacabana, a família, de origem burguesa segue rígidos costumes de postura e conduta. Enquanto o pai administra as terras da família, a mãe orienta os criados nos afazeres da casa.
Clarissa, de 7 anos, é a filha caçula do casal. Todas as manhãs ela brinca, sob os olhares atentos da babá, nos fundos da casa.
Certo dia, o mordomo a encontra toda suja, chorando.
Coloca-a carinhosamente em seu colo e a acalma:
- Oh bela menina, por que choras?
Ao olhar ao redor e procurar os motivos do pranto da pequena, avista no mudo da residência, um gato. Deduzindo o ocorrido, indaga:
- O bichano fugiu de ti? Arranhou-te? Machucaste o joelhinho? Não chora!
Ainda com a garotinha em seu colo, ele acaricia os cabelos e continua o discurso:
- Não fique triste, o gatinho quer ser livre como um passarinho. Vai lavar-te, fica bonita que logo ele aproximar-se-á de ti, bonequinha.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

5 MINUTOS NA JANELA

É a buzina que berra
O carro que passa
O semáforo que fecha
E o trânsito que para.
É a moça que atravessa
E está com pressa, pressa,
Muita pressa, sempre com pressa
Atrasada, alienada, sem tempo pra nada...
O céu, em seu azul mais anil, mas quem viu?
E o sol... esquenta a manhã de verão.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

POR QUE VOCÊ?

Por que você apareceu?
Por que você cruzou meu caminho?
Por que você mexe assim comigo e me deixa completamente fora...
Por que só você tira meu sono?
... aumenta minha fome?
... desperta meu desejo?
... instiga meu instinto?
... me faz sonhar acordada, viajar nas nuvens?
Por quê?
Por quê?
Por que você?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

REENCONTRO

O som eletrizante e envolvente a contagiava
Extasiada, ela apenas dançava e sorria
Movimentos ritmados, compassados e sensuais faziam dela, o foco.
Ele chegou.
Ela parou.
Coração batia na ânsia do reencontro
Aproximaram-se
Tocaram-se
O cheiro dele a hipnotiza
Os lábios sedentos encontram-se, os corpos suados conversaram, enquanto que as mãos uniram-se.
O sorriso estampava a euforia do momento, findado pelo beijo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Acordo ortográfico é um desacordo cultural

Tô P!

PQP! Esse novo acordo ortográfico dos países lusófonos avacalhou geral.

Primeiro, porque lusófonos já é palavra suficientemente feia, você não concorda?

Vinícius de Morais, eterno defensor da beleza, certamente a desaprovava. Não duvido que ele jamais a tenha pronunciado em suas andanças noctívagas pelos bares do Leme ao Leblon.

Se alguém me chamar de lusófono, ainda que eu o seja, juro que saio no braço. Sinceramente, leitor: você faria acordo com alguma coisa lusófona sem um certo receio de má fama?

– Vi Fulano andando com um lusófono.

– Hum… faz tempo que eu já desconfiava…

Depois – e principalmente –, porque desde a eleição do Lula, com seu absoluto desprezo às letras e irrestrito desdém ao conhecimento, com o tal acordo estou para ver tamanho triunfo das nulidades (ao falar em ver triunfar as nulidades, desta vez quem suspirou no túmulo foi Rui Barbosa… nulidades, lulidades… hã, hã?)

Voltando à orto-catástrofe, pra quê, por exemplo, matar o trema? O prestimoso sinal nos alertava para os casos onde se exigia a pronúncia da letra u, esta, sim, uma pobre coitada não raro vítima do prepotente q, que, quando pode, faz calar sua boca. O u deve ser uma letra muito sofrida. Em determinados casos salvava-lhe o trema, que, dedo em riste, proclamava: “aqui o q não manda coisa nenhuma, é território soberano do u! Exijo que o u seja respeitado como merece! Pronunciem-no, pois!”

O trema era um sujeito firme e de bom caráter. Sem sua ajuda, o leitor terá de se virar sozinho para descobrir quando o u deve ser pronunciado em que/qui/gue/gui (para que o leitor tenha certeza da minha intenção em relação à pronúncia do u, devo informar que escrevi cuê, cuí, gu-ê, gu-í. Lamentável…).

– Mas em nome estrangeiro o trema fica!

– Ah, tá! Ele deve ter adorado continuar na Bündchen da Gisele.

E o que dizer, então, do frio assassinato do acento diferencial? Já vou avisando aos politicamente corretos, sempre tão míopes, que acentos diferenciais não pregam nenhum tipo de discriminação entre quem quer que seja. Ao contrário, ao apontarem as diferenças, trazem à tona as qualidades intrínsecas de cada um e cada coisa, valorizando todos.

Mas veja a leitora ou o leitor que ridícula a frase “O automóvel para para não bater no caminhão”. Vá explicar a um estudante que os dois para são coisas completamente diferentes. Que um é preposição, o outro é verbo.

– O que é verbo, fessô?, perguntaria algum aluno dessas faculdades de fino trato que ultimamente o MEC autorizou pipocaram à farta por aí.

Não bastasse, nossos brilhantes e atarefados tomadores de chá, folgada e eternamente assentados na Academia, atrapalharam-se com as letras e, em lugar de mexerem o traseiro no assento (com ss), resolveram fazê-lo nos acentos (com c) agudo e circunflexo.

No agudo:

– Manhê, lá na escola tava escrito Coreia num cartaz. Será que esqueceram de um r no nome do seu Correia, o bedel?

– Não, filho! Isso deve ser coisa de algum bedel mental…

E o circunflexo, então? Agora, como diferencial, só será mantido no plural dos verbos ter e vir, o que vai deixar muito redator com um certo enjoo descircunflexado.

Bem, também tem o hífen, que, é claro, não poderia faltar. Pois o tal desacordo chatográfico-lusófono (alerto insistentemente ao leitor que evite a companhia da palavra) conseguiu a rara proeza de trocar seis por meia dúzia, substituindo umas regrinhas bobocas por outras, babacas.

Porém o estrago já foi feito.

Esqueceram-se os acadêmicos, e provavelmente nunca se deram conta as nossas autoridades, que o que diferencia a língua portuguesa das outras do mundo ocidental, inclusive as demais latinas, é sua riqueza incomparável, monumental, sua incrível capacidade de ser sutil, bela, harmônica, maleável, e, ao mesmo tempo, duramente exigente com quem não a conhece minimamente, com quem não a trata com o devido zelo.

Pois é. Os tais acadêmicos, daqui e d’além-mar, até conseguiram lá seus quinze minutos de fama, mas só fizeram papel de macaco em loja de cristais. Aposto um vintém como Fernando Pessoa teria torcido o nariz.

A troco de nada e em nome de coisa nenhuma, nós, brasileiros, que no geral mal sabemos escrever, porque na vida escolar não nos foi dado ler com a abundância recomendável, agora seremos obrigados a correr inutilmente o risco de redigir ainda pior.

Editoras deverão reeditar incontáveis títulos; e engana-se quem acredita que terão lucro estrondoso com isso. Toneladas literais de livros estocados em distribuidores e livrarias tornam-se doravante, por decreto, envelhecidos, desatualizados, refugo. Imagina o leitor quanto custa reeditar um dicionário? E que fazer com meu Aurélio, meu Houaiss? Meus Deus! Jogo-os no lixo? Além da vaca, irão também para o brejo, meus dicionários de etimologia, de citações e o de questões vernáculas, do mestre Napoleão Mendes de Almeida?

As redações de jornais, no afã noticioso, verão aumentados seus escorregões ortográficos e pedidos públicos de desculpas nas colunas “erramos”. Vivo fosse, lá iria o simpático e atencioso Eduardo Martins, pacientemente, revisar seu Manual de Redação e Estilo do Estadão, alertando editores e repórteres sobre os novos riscos de escrever.

E dos professores, sobretudo os da rede pública nos ensinos fundamental e médio, exigir-se-á, mais uma vez, esforço incompatível com seus magros rendimentos – e inexistentes investimentos em atualização pedagógica.

A língua é viva e é do povo. Há séculos o idioma escolheu naturalmente um caminho aqui no Brasil, miscigenando-se com as culturas negra e indígena, e deixando-se também influenciar por culturas européias e orientais. Escolheu outro em Portugal, e outros ainda nos demais países que o empregam na África e na Ásia.

Um puto em Angola é um menino pequeno, no Brasil será outras coisas. Não usamos peúgas por aqui, embora não andemos descalços. Portugueses não entram em filas, mas atrás de bichas, ato que, convenhamos, no Brasil leva às mais constrangedoras interpretações. E sabe Deus a quais influências terá sido exposto o português falado em Macau, Goa, Damão e Timor?

E, de resto, que sabemos nós, brasileiros, verdadeiramente sobre São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde? Bem, de Cabo Verde temos algum conhecimento da boa música de Cesária Évora. Basicamente, não muito mais que isso!

Os idiomas falados nos tais países lusófonos não são, definitivamente, mesma coisa, mesma pessoa; são mais como irmãos: filhos dos mesmos pais, ainda assim diferentes em suas caras, personalidades e histórias de vida.

“O ser humano é sempre o mesmo, mas em todo lugar ele é sempre diferente”. O que disse Pessoa sobre as gentes vale obrigatoriamente para seus idiomas.

Minha pátria é minha língua. A miscigenação dos povos modifica minha cultura nacional; com isso, os fonemas; com eles, a ortografia. Pessoalmente, advogo que já falamos o idioma brasileiro, mas isso é assunto para outro dedo de prosa.

Eta acordozinho inútil. Só servirá de incômodo cotidiano.

Arrogantemente, sob discutíveis argumentos de aproximação cultural e econômica de povos de idioma comum, os tais dotôres da língua e otoridades da lei – daqui e de lá – usurparam um poder que é dos povos (pois aqui não deveria valer a representatividade), e não fizeram bem algum à língua portuguesa, apenas deixaram-na com mais um pequeno ferimento.

À última flor do Lácio, indefesa, arrancou-se uma pétala. Mal-te-quer.

Texto de ZECA MARTINS [publicitário, articulista WebInsider]
Fonte: http://webinsider.uol.com.br/index.php/2008/12/21/acordo-ortografico-e-um-desacordo-cultural/
´



Muito bom esse artigo sobre o novo acordo ortográfico.
Ao meu ver, foi uma imposição cultural. A língua é um organismo vivo e evolui juntamente com seu povo. Essa história de unificação... aff... onde fica a identidade do povo brasileiro? Por que não unificamos também o inglês falado na Inglaterra, USA e Austrália???? Simplesmente porque são países desenvolvidos?
AFF de novo!
Enfim... já foi feito, né. E nós, profissionais da comunição, professores, autores e demais que nos viremos para "educar" novamente.
Que venham os escorregões da mídia
=)