terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Paixão escraviza e anula

Em mais uma das minhas "andanças" pela net, um texto do Terra sobre a paixão - o fogo que adoece a alma e mata o coração.

=)



Hoje escrevo contra a paixão, aquela que escraviza, que anula, que faz sofrer. Amor é afável - afeição, carinho simpatia, fruto macio. Paixão, não. É outra coisa - sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão, pedra pesada. Contra ela, quero levantar minha voz.

O que se encontra por aí? Muita energia sendo jogada fora. Coisa triste tanto desperdício de dons humanos. Se não é dos assuntos mais importantes, é dos mais comuns na minha longa prática como consultora espiritual: paixão é complicação.

Eu sei bem do que estou falando, encaro os ímpetos e explosões, as tempestades exageradas de um querer que não consegue se conter, sossegar, conviver com a rejeição. Uma palavra descreve a grande maioria das experiências que compartilham comigo: excesso.

Puxa, como é duro esse destempero que pessoas contaminadas pela paixão apresentam. Uma doença, uma infecção... toma a vítima, derruba, suga. Sedutora, ela pode se transformar em destruidora... é preciso atenção e cuidado.

Os sábios gregos, admiradores do equilíbrio em todas as circunstâncias e momentos, pensavam no pharmakón para exemplificar. Pharmakón, em grego, significa remédio (daí farmácia) ou veneno, dependendo da quantidade, da dose. O que cura e faz bem, se tomado em demasia, intoxica e pode matar. Até mesmo água (a seiva da vida!), em exagero, faz mal - não vá tomar três litros para ver o que acontece!

Temo que o amor, nesses nossos tempos acelerados e hiper-competitivos, tenha sido engolido pela fúria dos números - sempre números. Número de parceiros, número de vezes, número de posições. Nas redes e tramas da Paixão, o objetivo é conquistar alguém e passar, o mais depressa possível, à conquista seguinte. Que disposição sobra para procurar sentimentos mais verdadeiros? Mais humanos?

O elemento da fantasia se tornou muito proeminente, ganhou um espaço enorme e limita a autonomia de pensar e sentir de muitas e muitas pessoas, condenadas - permitam-me ser franca - à tristeza. Situação paradoxal: o amor, fonte de felicidade e alegria, se transforma em arma de combate, máquina de sofrimento.

Precisamos olhar mais profundamente, reavaliar nossas ideias sobre motivações, desejos e satisfações pessoais. Explorar possibilidades diferentes. Vamos ter menos inveja da ficção e mais admiração pela banalidade verdadeira que encontramos nas nossas experiências.

Navegar em águas tranquilas também é interessante - e a probabilidade de nos afogarmos é menor. Contra a tirania das paixões, a calma do amor - serenidade, inclusive espiritual.

Via: Terra Exotérico

Um comentário:

Jaque Rodrigues disse...

Texto muito bom, mas a paixão se faz necessária para o início de uma relação, aquela vontade de estar com a pessoa, de beijar a pessoa. E tem um prazo: de 1 a 2 anos. Passado este, vira amizade ou amor mesmo. O ruim é quando um dos dois descobre o amor e outro não.