É a buzina que berra
O carro que passa
O semáforo que fecha
E o trânsito que para.
É a moça que atravessa
E está com pressa, pressa,
Muita pressa, sempre com pressa
Atrasada, alienada, sem tempo pra nada...
O céu, em seu azul mais anil, mas quem viu?
E o sol... esquenta a manhã de verão.
5 comentários:
Agora que estava relendo o texto do post, me veio à mente um poema de Vinicius de Moraes.
Um texto que para mim tem gosto de infância, mas ilustra perfeitamente a angustia do tempo moderno
Destaco então os seguintes versos:
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
E já perdi toda alegria
É o puro retrado da angustia da vida moderna. Tudo em função do tempo.
Saudosismo? Contra o progresso?
Eeeeeeeeuuuuuuuu??? De forma alguma, ao contrário, totalmente a favor do mundo tecnológico.
Sou fruto do mundo moderno, da era da informação, do caos do cotidiano
Compartilho o sofrimento do mal do século, do stress absurdo.
Tudo isso... apenas uma análise do meio
Bjo
=)
Tatha,
Nos seus contos há muita poesia, mas é a primeira vez que leio um poema seu.
PERFEITO!
Sou fã do Vinícius. Adivinha o nome do meu filho?
Voltando ao seu texto, deu para ver a moça atravessando a rua com passos apressados:
"É a moça que atravessa
E está com pressa, pressa,
Muita pressa, sempre com pressa
Atrasada, alienada, sem tempo pra nada..."
Do lado direito do poema existe um vazio, a metade de uma meia lua. Pode ser a sua janela. Vi tudo por ali. Só não o azul do céu, porque quem está com pressa não olha para cima.
Um beijo e parabéns!
Alcides
PS. A moça me fez lembrar de um poema que escrevi há muito tempo. Qualquer dia escrevo no blog.
Alcides,
Te contei... os textos vão saindo, saindo, qdo menos espera. PAH! Está inteiro na minha cabeça e eu tenho q vumitá-lo no papel, pq se perder o timing, esquece, perdeu o testo, o mote, o sentimento, tudo.
Ah... me explica esse lance de "Do lado direito do poema existe um vazio"
Bjo
=)
Tatha,
É simples...
A estética do poema permite isso:
Com o mouse trace uma horizontal imaginária iniciando no "a" da palavra berra. Depois desça uma vertical até o ponto de interrogação.
Fica um vazio entre o fim dos versos e as linhas imaginárias. Dali pude ver quase toda a cena que você narrou. O céu e o sol ficaram de fora. A sua pergunta foi pertinente: "...quem viu?"
Beijo!
Alcides
Engraçado, mas me vi perfeitamente lendo este poema...rs! Sou exatamente assim, com pressam, correndo. Mas em alguns dias, me sinto mais calmo e me permito visualizar todo o movimento ao meu redor. Contextualizar isso é legal. Já fiz algumas vezes.
Parabéns Thatha!
Beijos :)
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