sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

5 MINUTOS NA JANELA

É a buzina que berra
O carro que passa
O semáforo que fecha
E o trânsito que para.
É a moça que atravessa
E está com pressa, pressa,
Muita pressa, sempre com pressa
Atrasada, alienada, sem tempo pra nada...
O céu, em seu azul mais anil, mas quem viu?
E o sol... esquenta a manhã de verão.

5 comentários:

_TaTHa_ disse...

Agora que estava relendo o texto do post, me veio à mente um poema de Vinicius de Moraes.
Um texto que para mim tem gosto de infância, mas ilustra perfeitamente a angustia do tempo moderno
Destaco então os seguintes versos:

Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
E já perdi toda alegria



É o puro retrado da angustia da vida moderna. Tudo em função do tempo.
Saudosismo? Contra o progresso?
Eeeeeeeeuuuuuuuu??? De forma alguma, ao contrário, totalmente a favor do mundo tecnológico.
Sou fruto do mundo moderno, da era da informação, do caos do cotidiano
Compartilho o sofrimento do mal do século, do stress absurdo.
Tudo isso... apenas uma análise do meio

Bjo
=)

A Palavra Mágica disse...

Tatha,

Nos seus contos há muita poesia, mas é a primeira vez que leio um poema seu.

PERFEITO!

Sou fã do Vinícius. Adivinha o nome do meu filho?

Voltando ao seu texto, deu para ver a moça atravessando a rua com passos apressados:

"É a moça que atravessa
E está com pressa, pressa,
Muita pressa, sempre com pressa
Atrasada, alienada, sem tempo pra nada..."

Do lado direito do poema existe um vazio, a metade de uma meia lua. Pode ser a sua janela. Vi tudo por ali. Só não o azul do céu, porque quem está com pressa não olha para cima.

Um beijo e parabéns!
Alcides

PS. A moça me fez lembrar de um poema que escrevi há muito tempo. Qualquer dia escrevo no blog.

_TaTHa_ disse...

Alcides,

Te contei... os textos vão saindo, saindo, qdo menos espera. PAH! Está inteiro na minha cabeça e eu tenho q vumitá-lo no papel, pq se perder o timing, esquece, perdeu o testo, o mote, o sentimento, tudo.
Ah... me explica esse lance de "Do lado direito do poema existe um vazio"
Bjo
=)

A Palavra Mágica disse...

Tatha,

É simples...
A estética do poema permite isso:

Com o mouse trace uma horizontal imaginária iniciando no "a" da palavra berra. Depois desça uma vertical até o ponto de interrogação.
Fica um vazio entre o fim dos versos e as linhas imaginárias. Dali pude ver quase toda a cena que você narrou. O céu e o sol ficaram de fora. A sua pergunta foi pertinente: "...quem viu?"

Beijo!
Alcides

Flávia Fabri Cesário disse...

Engraçado, mas me vi perfeitamente lendo este poema...rs! Sou exatamente assim, com pressam, correndo. Mas em alguns dias, me sinto mais calmo e me permito visualizar todo o movimento ao meu redor. Contextualizar isso é legal. Já fiz algumas vezes.
Parabéns Thatha!
Beijos :)