quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PEQUENO GATINHO

Em meados do século XIX, o Brasil sustenta-se basicamente de uma economia agro-exportadora, dominado por uma elite oligárquica escravocrata.
É em meio a esse cenário que, no Rio de Janeiro, vivem os Albuquerques.
Dona de uma bela mansão em Copacabana, a família, de origem burguesa segue rígidos costumes de postura e conduta. Enquanto o pai administra as terras da família, a mãe orienta os criados nos afazeres da casa.
Clarissa, de 7 anos, é a filha caçula do casal. Todas as manhãs ela brinca, sob os olhares atentos da babá, nos fundos da casa.
Certo dia, o mordomo a encontra toda suja, chorando.
Coloca-a carinhosamente em seu colo e a acalma:
- Oh bela menina, por que choras?
Ao olhar ao redor e procurar os motivos do pranto da pequena, avista no mudo da residência, um gato. Deduzindo o ocorrido, indaga:
- O bichano fugiu de ti? Arranhou-te? Machucaste o joelhinho? Não chora!
Ainda com a garotinha em seu colo, ele acaricia os cabelos e continua o discurso:
- Não fique triste, o gatinho quer ser livre como um passarinho. Vai lavar-te, fica bonita que logo ele aproximar-se-á de ti, bonequinha.

2 comentários:

A Palavra Mágica disse...

Que maravilha!!!

Apesar de todo um contexto: "meados do século XIX", uma situação sem importância para os historiadores: a menina e o gato.

Mas importante para Clarissa. Ela não estava nem aí para os escravos ou para o ciclo do café. Só queria bincar com o animal.
O mordomo já sabia "o gatinho quer ser livre como um passarinho."
Ouvindo isso o gato fez uma música:

"Nós gatos já nascemos pobres
Porém já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás."

Parabéns pela riqueza do texto.

Beijos!
Alcides

_TaTHa_ disse...

Alcides...

Se eu ter conta a historia que antecede o desenvolvimento do texto, você vai me achar louca.
Aliás, cá entre nós, quem sabe o que se passa na cabeça de um cidadão qdo ele escreve, não é mesmo.
Ah!!! Essa musica eu conheço.
Você e as referências musicais, aliás, poéticas, não é mesmo.
Música é poesia, poesia é música
É como o ditado: "Toda poesia é música, mas nem toda música é poesia."
Bjo
=)