terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Si à Rapsodia

Era metida a si. A ser dona de si, a ser melhor, a ser mais.
Até que um dia, chegou um Dia e acabou com Si.
Si ficou pasma! Não podia conceber tamanho descontrole, tamanha intromissão em seu controle, tamanha invasão em sua rotina! Mas o que era aquilo, afinal? O que era aquilo tão sem controle? Seria mesmo o fim dos tempos?
Si não se podia, não era mais, não tinha mais, não pensava mais! Só sentia...e não era acostumada a sentir. Sentir era ruim, sentir era descontrole. Si se voltou a si e se perdeu tanto que parecia mar em maremoto. Si não sabia voltar. E mesmo que soubesse, se perguntava se era isso mesmo o que queria: voltar. Era tão bom perdida que até quis perder-se um pouco mais. Mas aquela agitação toda, só a deixava mais aflita. E a confusão gritava, e a cinzura embaçava-lhe as vistas e os sentidos. Si já não via, não sabia, apenas sentia. Pelo tempo que passou perdida no mar - revolto – Si tateava apenas, e procurava o chão, um banco de areia. Quem mandou querer saltar no mar? Ela sabia que tinha uma âncora. Sabia em que direção ficava essa ancora. Ora queria estar lá, segura, mas ora se lembrava que tinha gostado tanto de ficar no mar....tanto, mas tanto! Tanto, que já não sabia se ia ou se ficava...
Si hoje está no porto, mas sempre olha para o mar. Sempre.

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