segunda-feira, 31 de março de 2008

Debutar

Quem me conhece sabe bem o quanto eu AMO o Mário Prata. ADORO! Rio demais com as coisas que ele escreve. Bem, o fato é que eu estava louca da Silva por um livro dele - Cem Melhores Crônicas (que na verdade, são 129) - mas sem qualquer $$ para comprá-lo. Todos os dias, na hora do meu almoço, ia até a FNAC e ficava lá paquerando o dito cujo. Lia umas crônicas, ria um pouco e, com muita pena, voltava ao trabalho sem meu objeto de desejo. O fato é que ontem, o meu salve-salve amorzinho me levou ao shopping para um passeio e me DEU O LIVRO!! Amei!!
Então, dentre os temas super legais, encontrei um em particular, que até esse ponto da leitura, mais me chamou a atenção: chama-se Baile de Debutante. Ele coloca o sentido de debutar, toda aquela coisa de a menina entregar a boneca e ganhar o sapatinho, apresentá-la à sociedade. Inclusive, levantou o termo menina-moça (!!!) - isso parece coisa do tempo da minha avó! Mas enfim, isso se perdeu. Essa coisa romântica toda de ser menina e tornar-se mulher, de botão de rosa que desabrocha, a ansiedade por poder passar batom, poder usar salto...essa coisa toda que a gente ficava esperando acontecer e, quando acontecia, tinha todo um sabor especial! Era diferente, sem dúvidas!

Você poderá argumentar que a questão financeira não permite mais festas desse tipo. Eu concordo, claro! Tampouco tive festa de 15 anos. Contudo, falo das meninas-moça de hoje. Na sala da minha afilhada (7 anos) na escolinha já tem menina de cabelo tingido! A filha da vizinha de 12 anos já faz chapinha e a irmazinha dela de 10 usa micro saia. A neta da amiga da minha avó de 13 anos sai de balada e usa salto 15 e minha priminha Bruna de 17 anos, desde os 11 já beija na boca.

Será que a gente perdeu alguma coisa? Sim. Um pouco (ou muito) do romantismo e do encanto de crescer, de amadurecer. Talvez também tenhamos perdido um pouco (ou muito) das delicadezas dos homens e meninos da família (primos e tios) que ficavam aguardando esse nosso grande dia para serem mais que cavaleiros para conosco, abrindo a porta do carro para nos conduzir ao baile da nossa apresentação formal à sociedade, as flores, os mimos todos, a valsa...!
Sim, as coisas mudaram e não é possível viver de passado. Mas venhamos e convenhamos: isso tudo era o sonho de qualquer menina! Era o dia de princesa.

Segue aqui um poema que retirei do livro de crônicas (do MP). É do poeta Sergio Antunes:


" Debutar

Debutar é ver menina bonita
deixar vestido de chita,
tirar do cabelo a chita.
Vestir vestido encantado
do baile, todo enfeitado,
com as cores dos sonhos lindos.
E, em seus olhinhos sorrindo,
vestir poesia inocente,
vestir poesia que sente
nos versos que o coração
da menina-flor botão
não é mais de uma qualquer.
Pois a noite debutante
transformou-se naquele instante
flor-menina em flor-mulher"

Nota: esse poema foi escrito quando o Antunes tinha apenas 14 anos (a mesma idade da Consuelo Velasquez quando compôs Besame Mucho).

2 comentários:

Anônimo disse...

ERRATA:

Na V linha do III parágrafo a palavra é cavalheiro - e não "cavaleiro";

no segundo verso do poema Debutar, o correto é "tirar do cabelo a fita".

Obrigada!

Flávia Fabri Cesário disse...

Nossa lembrei dos meus 15 anos! Não tive baile de debutante, mas meus pais fizeram questão de fazer uma festinha. Não teve valsa, por que eu nunca gostei de dançar, morria de vergonha e meu negócio sempre foi rock'n roll... achava caretice...rs

Quando você comentou sobre as meninas que usam salto, maquiagem, saem de balada, enfim, tomei um susto quando minha priminha de 10 anos me mandou um e-mail para dizer que perdeu o BV (boca virgem). Fiquei pasma! Na idade dela ainda brincava de bonecas e era completamente inocente. Os tempos são outros. Acredito que nossa infância e juventude foi muito melhor.

Beijos! :)