quinta-feira, 13 de março de 2008

Homens de Gravata

Ontem não sei o por quê, mas estava demasiadamente chata, crica e observadora.

Aquele dia cinza, de chove e não molha, sabe? Daí eu queria comer comida japonesa e quando cheguei no local, que deveria ser o restaurante, tinha uma creperia! AAAHHHHH que raiva! Andei 5 quarteirões do meu precioso tempo de almoço para chegar a uma creperia onde 1 pratinho custava em média 20,00 (!!). Aff! No way.

Então fiquei putíssima pois não sabia mais para onde ir. Tudo bem. Nessa hora, respira-se e conta-se até 100. Encontrei um restaurante na alameda Santos que fazia tempo que não ia - uns 2 anos. Lá é bonito, aconchegante, a comida é boa, tem um jardim lindo na frente. Mas, como nada pode ser perfeito, o lugar é sempre terrivelmente cheio. Na hora que eu entrei, é que concebi que sempre foi assim - e eu odeio lugares cheios.



Bem, a partir daí, eu precisava me distrair. Então, comecei a tentar me divertir olhando para as pessoas que estavam na fila comigo e também para aquelas sentadas à mesa. E vi muita gente engravatada. Sabe gente com cara de banco? Aquele visual cinza, uniforme, aquele papo de trabalho à mesa, aquela coisa chata de cliente e dinheiro e pastas pretas... as mulheres com terninhos, cabelos e unhas impecáveis. Comecei a analisar os assuntos, os comportamentos. É tudo igual! É tudo o mesmo! Pareceu-me que todos nós somos compostos por uma grande vida massificada, robotizada. Aquelas gravatas - todas tão iguais!!...Um monte de gente sem liberdade, parece.



Então, comecei a pensar em moda. Em como podemos nos valer da moda para ser quem somos. Mas não moda = mídia - o que vestem na Globo. Moda = estilo. Pensei em por quê a gente não veste o que realmente gostaria de vestir? Por que as pessoas que gostam de pink usam sempre as camisas cinza, preta e "azul-motorista-de-ônibus"? Moda e estilo. Você pode pensar: "Que banal preocupar-se com moda!" Mas isso também é uma forma de expressão e se visto o que quero, já é um grito de liberdade. Isso me diz que nada pode me prender, sufocar e ditar quem devo ser - apenas eu mesma.

Então, de certa forma, comecei a ter pena daquelas pessoas tão uniformizadas, por dentro e por fora, que nunca quiseram ou souberam explorar as pessoas maravilhosas que são, apenas para satisfazer a um mercado e para sentirem-se aceitas, por pertencerem a um grupo.



Agora, eis o grande paradoxo:

À noite, no meu curso de Literatura de Cordel, uma colega muito peculiar mudou seu penteado. A Glaucia é mais ou menos do meu tamando, branquinha de olhos claros e cabelo escuro bem curtinho, no estilo moderninho. Acho aquele cabelo fofo nela. Fica linda!. Outro dia eu até saí pensando no quanto eu curto o estilo dela e aquele cabelinho, que em mim, ficaria terrível pelo formato do meu rosto. Bem, o que passa é que ontem a Glaucia estava irreconhecível: Fez Canicalon (nem sei se é assim que se escreve)! Trombei com ela na escada e, para mim, era aluna nova. Quando concebi quem era, fiquei frustradíssima!! Como ela pôde querer esconder aquele cabelinho?? Aquele cabelo era ela, o estilo dela, a cara dela! Meu!! Por que ela tinha feito aquilo? Bem, passei metade da aula me questionando e tentando me acostumar com a cara nova da Glaucia. Daí, fui me acostumando e, por conseqüência, concebendo que aquele era o jeito Glaucia de ser. Que ela continuava especial e que tinha mudado tanto assim porque setia-se livre para fazê-lo. Então eu pensei que quem não é livre nem para fazer, nem para aceitar sou eu. E me coloquei no lugar de todos aqueles engravatados que vi e critiquei e senti pena na hora do almoço.



Dale Glaucia! Ensinou-me mais essa! Concebi o quanto as pessoas nos ensinam à respeito de humanidade e de ser, sem falar absolutamente nada.
Pensei, intriguei, lamentei. Mas, Cresci!

7 comentários:

Flávia Fabri Cesário disse...

Simplesmente detesto quando algo que planejo não dá certo! Nossa, perco a vontade de tudo! Pra me recuperar e encontrar outra saída, demora! :(
Sobre a igualdade de roupas, infelizmente, há empresas que exigem uniforme, dessa forma não há como escapar dos modelitos e cores iguais. No Sabre, não usamos uniforme, mas temos de vestir social de segunda à quinta. Se eu pudesse, viria de jeans sempre! All Star, Adidas! Mas, não podemos. Ficamos então, todos padronizados, bonitinhos de social. Certamente, não podemos ficar exibindo tatuagens e piercings pelos corredores. Logo, não temos liberdade de mostrar quem realmente somos. Regras...
Isso não interfere em nosso rendimento, mas interfere na imagem que construímos da empresa frente a um cliente.
...
Gosto de moda... acho que é o reflexo do que a pessoa é por dentro, estilo de vida, personalidade, enfim. Já comentei sobre isso no De Lua. Acho bem interessante a expressão através das roupas, cabelo, maquiagem.... é bem interessante. Alguns seguem determinado estilo apenas para serem aceitos, outros por que gostam..é bem relativo.
Gostei do texto!
Beijos! :)

Flávia Fabri Cesário disse...

Agora que li o comentário com calma. Desculpe-me pela repetição de palavras. Escerevi correndo!
:)

Anônimo disse...

CRIIIIISSSS ...

próxima vez vá comer no mexicano !!!

beijo do

LUUUU ... IIIIIISSSS !

Anônimo disse...

LUUU...IIIIIISSSSS!!!

hahahahahaha!!! Muito bem lembrado!!! rsrsrs vou no mexicano da proxima vez!!

beijos da...
CRIIIIIIIIIIISSSS!

_TaTHa_ disse...

PUUUUUTZ, MUITO BOM O TEXTO.
FUI OBRIGADA A FAZER COMENTARIOS EM CAPS LOCK. ME PROVOCOU ISSO... MUITO BEM, MENINA! E VC SAB Q EU MORDO, NEH.... CÁ ESTA TD COMENTADO EM CAPS

Encontrei um restaurante na alameda Santos que fazia tempo que não ia - uns 2 anos. Lá é bonito, aconchegante, a comida é boa, tem um jardim lindo na frente. Mas, como nada pode ser perfeito, o lugar é sempre terrivelmente cheio. Na hora que eu entrei, é que concebi que sempre foi assim - e eu odeio lugares cheios. (ELA QUER BONS LUGARES E QUE ESTEJAVAM VAZIOS... BEM VINDA AO MUNDO DOS NEGOCIOS, SE EH BOM EH PQ DAH DINHEIRO E PQ VENDE MUITO, SE VENDE MUITO TEM MUITA GENTE, LOGO ESTÁ CHEIO)

Pareceu-me que todos nós somos compostos por uma grande vida massificada, robotizada. (AI MEU DEUS.... BEM VINDA AO CAPITALISMO. SOMOS FRUTOS DA EPOCA DA COMUNICACAO MASSIFICADA, TEORIA HIPODERMICA. SEJA DIFERENTE E SERÁ ROTULADA. FAZER O QUE... FAZ PARTE DO CENARIO TUDO ISSO, NAUM?)

Que banal preocupar-se com moda!" Mas isso também é uma forma de expressão e se visto o que quero, já é um grito de liberdade. (BOA!)

Então, de certa forma, comecei a ter pena daquelas pessoas tão uniformizadas (JAH PENSOU Q VC FAZ PARTE DA MASSA? OU VC AXA Q SE VESTE DIFERENTE? PADRÕES CORPORATIVOS)

apenas para satisfazer a um mercado e para sentirem-se aceitas, por pertencerem a um grupo (SER ACEITO/FAZER PARTE – NECESSIDADE DE TODO SER HUMANO. SATISFAZER O MERCADO, NOVAMENTE O MUNDO CAPITALISTA. VIVE SEM DINHEIRO? SEM EMPREGO?)

Bem, passei metade da aula me questionando e tentando me acostumar com a cara nova da Glaucia. (DIFICIL ACEITAR O NOVO? ALGO Q SAIU DA ROTINA?

MAIS UMA VEZ, PARABENS
BJO
=)

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Tatha,

legal vc ter pontuado! Crítica a sua análise. Verdeiros e crus seus comentários. É isso mesmo! Sentir-se massa. Não gosto mesmo desse pensamento/teoria/filosofia/whatever - parece que se perde o individualismo e passa-se a ser todo mundo. ODEIO essa idéia. Sentir-se número...Isso é, para mim = auto-anulação: Deixar de ser quem se é para ser um grupo de pessoas. AAAAFF!! Asqueroso, no mínimo.
Por isso eu amo as ciências humanas, onde cada poema, cada música, cada obra de arte, cada apresentação é única e cada ser é indispensável no resultado final. Aí tem-se a honra de apreciar uma obra única, que jamais vai se repetir, onde cada indivíduo tem bem forte, sua representatividade.

Dale, querida!
Beijocas!