terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Meu Orfeu e Minha Eurídice

Lendo o poeta Vinicius de Moraes, alguma inspiração me surtiu e, eis aqui a minha versão para seu Orfeu e também para a Eurídice. Esses dois têm sido a menina dos meus olhos últimamente.

Orfeu

Engole seco,
Espera a seco. No que tange o amor,
Sempre seco.
Sempre mudo e escuro.
Sem palavras, sem sentido, sem sentimento.
Que amor é esse que escolhe o vento para ser seu par?
Que amor é esse que te escolhe, Orfeu?!
Que não és de ninguém e,
Menos ainda, meu.
Te ter é cai sem ter respaldo,
É jogar-se ao vento, e ter por colo o abismo.
Paixão louca, amor louco.
Tudo o que te toca vira água.
Tudo o que tu tocas, vira pó
Ao vento.
Te entregas na totalidade e na totalidade te escorres.

Eurídice

Ah, Orfeu!
Que melancolia sem ti!
Que falta de vida sem ti!
Os segundos são eternos e os minutos, errantes
Nas horas, despejo toda a agonia da tua espera...
Nada passa, nada consola.
O que, por um instante me distrai, à volta do teu pensamento
Em dobro me recaem os infinitos instantes sem saber de ti.
Esse não saber, essa falta, essa ausência de ser!...
Essa pena que me fazes viver por te querer, por te amar e não te ter.
Sofrimento, angústia e dor
No solo me despejo e, nas melodias, me benfazejo de tua memória,
De quando me cantavas e me dizias, Orfeu,
Que era tua e só tua e sempre tua!
Meu querido, meu amado, te quero tanto, te espero tanto, te vivo tanto
Que teu espaço em mim já me toma a vida.
Já não ando, não falo, não respiro e não ardo, se não em ti, apêndice meu,
Angústia e felicidade minha.
Te quero, Orfeu!

2 comentários:

Anônimo disse...

Companheira!
Do jeito que está seu blog logo, logo vais receber o prêmio IBEST.
Muito lindo!Adorei todos os textos postados até agora.Parabéns!
Um grande beijo!
Alcides

Cris disse...

Querido Alcides,
Só você mesmo!..RS..meu grande incentivador!!
Gostaria de pedir permissão para publicar seus textos aqui também. Posso?

beijos e obrigada!!