sexta-feira, 25 de abril de 2008

Cordel do Desencanto

A donzela à janela
O seu sonho ela buscava
Numa folhinha riscando
Pensamentos rascunhava.
Cavalheiro ia passando
Sua donzela procurava.

O luar estava belo,
As estrelas, sorridentes;
O vento soprava brando
Nos seus cachos envolventes.
Seus olhares se cruzaram,
Encontraram-se silentes!...

A donzela enrubeceu
À mirada apaixonada.
Em seu peito a emoção
Já era desenganada!
Ele era um trintão,
A donzela, aposentada!

- O meu pai, que vai dizer?
Disse a donzela acanhada.
- A família, os vizinhos?
Ela estava preocupada.
- Como a isso dou um jeito?
A idade era passada!

Seu rapaz, um belo jovem
Galante se apresentou.
Ao seu encanto e charme
A donzela apaixonou
Tomou-lhe suave a mão
Com um beijo a selou.


- Calma, calma, ó donzela
Não quero seu despudor!
Estou aqui à janela
Para pedir-te um favor:
Tua sobrinha tão bela,
É só dela o meu amor!

A donzela, constrangida,
Pôs-se toda em rubor.
Com a face entristecida,
Seu peito cheio de dor,
Foi chamar-lhe a sobrinha,
Já não tinha mais amor!

Um comentário:

Flávia Fabri Cesário disse...

Tive o privilégio de ouvir vc ler! rs
Lindo amiga! Parabéns!
Bjo!