quinta-feira, 8 de maio de 2008

Isso é SIM uma cópia. Vou publicar SIM um texto que não é de minha autoria.
E sabe por quê?
Simplesmente porque o conceito de consumo e a relação cultural de posse que o autor deste fala é magnifica.
Pare 2 minutos e pense nas relações que você tem com seus objetos, o sentimento de posse que exerce sobre eles e o que isso pode gerar num instante futuro.
Lembre-se que é um futuro próximo.... muuuuuuito próximo.

O fotógrafo Peter Mengel correu o mundo com o intuito de estudar a relação entre as pessoas e os objetos. Registrou famílias de classe média de várias cidades cercadas de todos os pertences, de automóveis a escovas de dente. E essas imagens traduzem de maneira contundente as diferenças do conceito de “posse” em distintas realidades culturais.

Uma família americana de classe média possui até 8 mil itens diversos, renovados diariamente, e que geram, em média, até 2 Kg de lixo por pessoa. Enquanto isso, uma família no Butão, pequeno país africano, possui algo em torno de 80 objetos, que vão de utensílios de cozinha a peças sagradas. A quantidade não é o que importa e sim a forma como cada uma dessas famílias encara, valoriza e entende o ato de “possuir objetos”.

Em resposta às acusações feitas em 1987 por um jornalista britânico do Financial Times sobre o lento desenvolvimento do Butão, o rei do país afirmou: "O índice médio de felicidade de um país é mais importante do que o índice de desenvolvimento". A afirmação do rei encontra respaldo nos números. Em uma pesquisa realizada em 2005, 45% dos butaneses declararam ser “muitos felizes”, enquanto que, no mesmo ano, apenas 30% de americanos declaram o mesmo. Isso serve para revermos nossos critérios de associação direta sobre posse e felicidade.

Prova disso é o estudo Happy Planet Index, feito por Nick Marks et al. em 2006. O índice de felicidade dos países compara a relação entre ecologia e número de anos felizes. O resultado: também nessa categoria, o Butão, com seus 80 objetos por família, ficou entre as 10 nações mundiais com maior nível de felicidade – índice muito acima do alcançado pelos Estados Unidos.

Eu, designer que há vinte anos desenho e coloco mais objetos no planeta, não sou hipócrita a ponto de condenar o ato da compra. Quero apenas propor uma reflexão sobre as conseqüências desse estilo de vida. Considerando apenas 50% de um total de aproximadamente 1 bilhão de chineses e indianos que acreditam finalmente ter chegado a hora de encher suas casas de equipamentos e suas garagens de automóveis, é possível ter idéia da explosão de consumo que se aproxima – nível bem próximo ao registrado pelos espanhóis, que ainda é, espantosamente, 13 vezes menor que o consumo dos americanos.

Para saciar essa sede de consumo, precisaríamos extrair matéria-prima de pelo menos 3,5 planetas Terra! Como é pouco provável a multiplicação de nossa pequena nave, é necessário repensar, com urgência, a relação que temos com o consumo. Qual foi a última vez que você usou sua máquina de furar? Este utensílio foi projetado para furar por 7 anos seguidos, mas a média de uso por família é de 30 minutos por ano! De fato, não precisamos de uma máquina de furar, mas dos 15 furos que ela faz por ano. A solução? Que tal se em cada condomínio houvesse apenas dois ou três exemplares desse equipamento para o uso comum?

O que dificulta a adoção do modelo de compartilhamento de objetos é a relação afetiva que desenvolvemos com as coisas e o próprio significado da palavra “posse” para a nossa sociedade. Imagine você, que cultiva com seu automóvel uma relação de amor e cumplicidade, ser obrigado a dividi-lo com seus vizinhos? Vai ser duro, mas provavelmente em um futuro próximo será a única saída possível.

E é também viável. Uma empresa pode muito bem mapear em um edifício o perfil e a demanda dos moradores em relação ao transporte e, de forma customizada, alugar para o condomínio a quantidade e a variedade de modelos de automóveis que atendam às necessidades de todos os moradores. E esse tipo de perspectiva não compromete a rentabilidade das montadoras. Trata-se apenas de rever a lógica da produção em massa: as montadoras se transformariam em provedoras de serviços de transporte, criando vínculos ainda mais duradouros e profundos com seus clientes. O que vai mudar é a natureza e o estado físico do que consumimos.

Resta, no entanto, uma dúvida crucial: o que fazer com os vínculos afetivos que cultivamos com os objetos? A resposta é mais simples do que se imagina. Basta voltar a direcionar toda essa afetividade e zelo para o ser humano. O meio ambiente agradece.

* Fred Gelli é sócio e diretor de criação da Tátil Design, professor de desenho industrial da Puc-Rio e jurado na categoria Design no Cannes Lions 2008. (http://www.ccsp.com.br/ultimas/noticia.php?id=31543)


=)

2 comentários:

Anônimo disse...

CA RA CASSSSSSSSS!!!!

meu, é de se refletir!! Esse texto contém tanta verdade que parece que qualquer comentário meu aqui será insuficiente. Acho que a melhor coisa é recolher-me nos meus pensamentos e assumir uma atitude perante a situação.

PERFECT!

Anônimo disse...

Concordo com a Cris. É de se refletir mesmo e assumir atitude.Chega de falar de meio ambiente e sempre jogar o óleo usado no ralo da cozinha, vamos poluir o rio sem notar.