sexta-feira, 30 de maio de 2008

Foto: Alcides


Sexta-feira chuvosa e fria. O trânsito era quilométrico. A happy hour com os amigos não era uma boa opção. Queriam ficar a sós.
Ele, depois que ela aceitou seu convite, seguiu rotas
alternativas e rumou para sua casa.
Uma casa grande, porém solitária, ela pensou.
Ele preparou uma sopa, dessas que se encontra em qualquer gôndola de supermercado e adiciona-se apenas água. Escolheu um bom vinho.
Era um tipo respeitador, o que causava nela grande admiração. Quase nunca brincava com segundas intenções. Mas naquele dia foi diferente.
Após a refeição ele colocou no aparelho a música O Viajante, de Teresa Tinoco, na voz de Ney Matogrosso. Ela, como já tinha certa intimidade, sentiu-se a vontade para comentar sobre o cantor e brincar com seu amigo.
Ele elogiou o intérprete, voltou a música ao começo e pediu que ela ouvisse com atenção. Como já tinham se insinuado no escritório, ele disse que aquilo era o que queria dizer naquele momento:

Eu me sinto tolo como um viajante
Pela tua casa, pássaro sem asa, rei da covardia
E se guardo tanto essas emoções nessa caldeira fria
É que arde o medo onde o amor ardia
A mansidão no peito trazendo o respeito
Que eu queria tanto derrubar de vez
Pra ser seu talvez, pra ser seu talvez
Mas o viajante é talvez covarde
Ou talvez seja tarde pra gritar que arde no maior ardor
A paixão contida, retraída e nua
Correndo na sala ao te ver deitada
Ao te ver calada, ao te ver cansada, ao te ver no ar
Talvez esperando desse viajante
Algo que ele espera também receber
E quebrar as cercas com que insistimos em nos defender
Eu me sinto tolo como um viajante
Pela tua casa, pássaro sem asa, rei da covardia
E se guardo tanto essas emoções nessa caldeira fria
É que arde o medo onde o amor ardia
A mansidão no peito trazendo o respeito
Que eu queria tanto derrubar de vez
Pra ser seu talvez, pra ser seu...


Após a música ele tirou-lhe da mão a taça de vinho. E foram olhares... beijos... carícias e só o crepitar das chamas na lareira competindo com uma ardente noite de amor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não consegui pensar num título, e olhem que eu, nos primórdios dos manuscritos da Cris, dei título a alguns dos seus poemas.
Alguém pode me ajudar, por favor?

Alcides

Lunatiquices disse...

Que tal: "Sentir" ou "Aquela música..." Sei lá...rs...Beijocas!